São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009

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ENSAIO

DAMON DARLIN

Software vigia remotamente quem trabalha em casa

Na era da informação, o que acontece quando os funcionários trabalham em casa e não estão mais sob as vistas do gerente? Alguns temem que os trabalhadores reduzam a produtividade. Mas novos softwares monitoram os funcionários em seus computadores remotamente, medem seu esforço e encaminham mais tarefas àqueles que se empenham mais.
A LiveOps, empresa californiana que opera call centers virtuais -agentes que trabalham em casa em todos os EUA-, também descobriu que o software pode realizar outras tarefas de gerenciamento. O modo como ela usa esse software indica como a tecnologia está dominando o local de trabalho.
Fundada em 2000, a LiveOps dirige cerca de 20 mil "agentes domésticos", todos trabalhadores independentes que recebem encomendas de produtos anunciados de madrugada na TV, vendem seguros ou transcrevem gravações de outras empresas.
Os agentes recebem até pedidos de pizza. Se houver uma tempestade em uma cidade e os pedidos aumentarem porque ninguém quer sair de casa, as ligações para as pizzarias são direcionadas para os agentes da LiveOps a milhares de quilômetros de distância.
O centro de atendimento virtual não é novidade. Várias empresas reúnem forças de trabalho autônomas para realizar tarefas específicas de modo que as companhias não precisem ter seus próprios centros de atendimento ou contratar mais empregados. A TopCoder e a RentACoder fizeram isso especificamente para programadores de computador. A Serebra Connect contrata estudantes universitários de países em desenvolvimento para fazer o trabalho.
Mas segundo o executivo-chefe Maynard Webb, o LiveOps tem outra vantagem. Se uma empresa usuária do software quer que os agentes convençam quem ligou a comprar outros produtos, o software rastreia isso e encaminha as ligações para os agentes que o fazem melhor. Esses agentes prosperam.
E os agentes que não são tão bons? "Ninguém é demitido", disse Webb. "Eles simplesmente não recebem trabalho." Ele acha que o conceito pode ser expandido para qualquer linha de trabalho -como tratamentos de saúde, varejo, editoras e direito- onde a produção pode ser medida.
E o LiveOps é precursor de um novo modelo de trabalho. "A economia fica melhor. Sem prédios. Sem benefícios aos funcionários", disse Webb.
Antes de contorcer-se diante do horror de trabalhadores pagos por minuto fazendo tarefas na mesa da cozinha, enquanto são monitorados por um computador que tudo vê, considere que Webb não está tendo dificuldades para encontrar funcionários. "Há muito mais gente que quer trabalhar nesse modelo do que temos capacidade de admitir", disse.


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