São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009

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AGUSTINA VIVERO

Com fotos e cabelo rosa, ela ganhou fama na web


"Quando as pessoas me veem na rua, às vezes choram ou querem me abraçar e beijar. Ou então me odeiam. É tudo muito surpreendente"


Por ALEXEI BARRIONUEVO

BUENOS AIRES - "Cumbio está aqui!" gritou uma garota ao avistar Agustina Vivero nos degraus do shopping Abasto, em Buenos Aires, num domingo recente. Correndo até ela, a garota abraçou Vivero e aproveitou para clicar o momento.
Em questão de minutos, dezenas de teens estavam reunidos, todos pedindo alguns segundos com Vivero, celebridade na internet e na televisão que usa cabelos com mechas cor pink e piercing no lábio inferior.
O último ano vem sendo um vendaval de atividades para Agustina Vivero, conhecida na Argentina como Cumbio por sua adesão à cumbia, ritmo que funde pop latino, salsa e dance e faz sucesso entre as classes populares do país. Ela chegou ao estrelato e à riqueza inesperada convertendo sua fama na internet como o mais popular "flogger" da Argentina em força de marketing, assinando contratos de modelo, promovendo clubes de dança e escrevendo um livro sobre sua vida. E ela tem apenas 17 anos.
"Quando as pessoas me veem na rua, às vezes choram ou querem me abraçar e beijar", ela contou. "Ou então me odeiam. É tudo muito surpreendente." Um cineasta está rodando um documentário sobre sua vida. Há um perfume Cumbio, e fala-se num reality show na TV.
A popularidade improvável de Cumbio também vem redefinindo os estereótipos sobre a celebridade juvenil na Argentina. Vivero, que é lésbica declarada, descreve a si mesmo e a outros "floggers" como "andróginos", devido às roupas unissex que vestem. Ela se sente à vontade em não ser magra como uma modelo, rejeita as dietas e anuncia para os quatro ventos que gosta de junk food e chocolate -uma mensagem diferente em um país onde as mulheres ostentam altos índices de desordens alimentares. "Estamos rompendo muitas barreiras", disse.
Os floggers são pessoas que fazem fotos delas mesmas e seus amigos e as postam em blogs fotográficos. O site Fotolog.com afirma ter mais de 5,5 milhões de usuários na Argentina, um dos dois maiores mercados mundiais do site; o outro é o Chile. Os usuários deixam comentários sobre as fotos dos outros. Quanto mais comentários, mais famoso é o flogger. O site de Agustina Vivera no Fotolog é um dos mais visitados na Argentina. No ano passado, com base em cifras registradas pelo site, Cumbio diz que teve 36 milhões de visitas.
Sua ascensão à fama começou no início de 2008, quando ela convidou alguns amigos para a casa de sua família em San Cristóbal, bairro de classe operária de Buenos Aires. Eles se divertiram e fizeram fotos mostrando os cabelos desgrenhados, suas camisetas coloridas e seus tênis. Depois de quatro semanas, o número de visitas ao site já chegara a 2.000.
Os donos de shoppings começaram a barrar Cumbio e seus amigos. Brigas entre os adolescentes diante dos shoppings atraíram a atenção da mídia local.
"As pessoas não entendem tudo isto", disse Cumbio. "Estão acostumadas a associar a fama à TV ou aos esportes, mas não à internet, onde as pessoas postam fotos, reúnem pessoas e se divertem."
A "Cumbiomania" começou quando Guillermo Tragent, presidente da empresa de marketing Furia, descobriu Vivero, em abril do ano passado, enquanto procurava rostos para uma campanha publicitária da Nike. A empresa queria "pessoas reais, das ruas", ele contou.
O trabalho como modelo da Nike levou a apresentações promocionais. Agora, na maioria dos finais de semana, um gerente leva Vivero para todo o país para promover discotecas e ajudar empresas a vender roupas de marca. Duas pessoas próximas a Cumbio disseram que apenas com os trabalhos em clubes ela às vezes ganha R$ 2.200 num fim de semana.
"Vou me divertir com isso enquanto durar", disse Cumbio. "Quando terminar, terminará. Ainda terei as fotos."

Colaborou Charles Newbery



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