São Paulo, segunda-feira, 06 de junho de 2011

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SAÚDE & BOA FORMA

Doença atinge reis e plebeus

JANE E. BRODY
ENSAIO

Considerada a "doença dos reis" por estar associada a uma dieta rica em carnes e álcool, a gota tornou-se um problema mais plebeu. O número de americanos com gota está aumentando conforme a população envelhece, torna-se mais pesada e exposta a alimentos e substâncias que podem precipitar a doença, que também cresce em nível global.
Historicamente uma doença masculina, a gota tem aumentado em mulheres mais velhas, que, até a menopausa, são protegidas pelo hormônio estrogênio.
A gota é causada por um alto nível de ácido úrico no sangue. O ácido forma cristais de urato irritantes que se instalam nas articulações ou nos tecidos moles, causando dor intensa. O ácido úrico é produzido quando o corpo metaboliza as purinas, componentes comuns de muitos alimentos, especialmente carne de vísceras, anchovas, arenques, aspargos e cogumelos. O consumo excessivo de álcool e possivelmente bebidas que contêm fructose também está envolvido.
Níveis elevados de ácido úrico podem ser consequência de sua produção excessiva pelo corpo ou da incapacidade dos rins de eliminá-lo adequadamente.
A doutora Tuhina Neogi, reumatologista da Escola de Medicina da Universidade de Boston, explicou que os humanos não têm a enzima uricase e, portanto, são incapazes de transformar o urato em alantoína, o produto final do metabolismo da purina.
Entre os medicamentos ligados a um risco maior de causar gota estão os diuréticos tiazidas, usados para tratar a alta pressão sanguínea; ciclosporina, um imunossupressor usado para evitar a rejeição de órgãos em pacientes de transplante; e a aspirina de baixa dosagem.
Até as drogas usadas para reduzir o ácido úrico podem provocar um ataque de gota, ela disse.
O risco da gota também é maior entre pessoas com distúrbios que são comuns na sociedade moderna, como hipertensão, diabetes, colesterol alto, aterosclerose e insuficiência cardíaca congestiva, obesidade e a chamada síndrome metabólica, que inclui a resistência à insulina.
Um histórico de gota na família é um fator de risco, pois vários genes já foram relacionados à doença. A doutora Neogi disse que a reação das pessoas ao ácido úrico varia muito. Nem sempre há altos níveis dele no sangue durante uma crise de gota, e algumas pessoas com altos níveis nunca desenvolvem a doença.
Embora os sintomas sejam geralmente característicos -o rápido desenvolvimento de dor forte, vermelhidão e inchaço, principalmente no dedão do pé-, um diagnóstico mais preciso exige a detecção de cristais de urato em uma articulação inflamada. Às vezes, nos mais velhos, diversas juntas podem ser afetadas.
Se a gota não for tratada, depósitos de cristais de urato podem se formar em nódulos embaixo da pele. Esses podem inchar e ficar doloridos nas crises de gota. Os depósitos de urato também podem causar pedras nos rins.
O tratamento começa com mudanças para limitar o consumo de purinas, o que significa evitar carnes de vísceras e reduzir o consumo de aves e frutos do mar. É melhor consumir mais laticínios com baixo teor de gordura, ovos e proteína vegetal.
O consumo habitual de café (e talvez também de chá) pode reduzir os níveis de ácido úrico. Suco de cereja (ou comer cerejas e outras frutas de cor escura) pode ser uma proteção. Beber bastante água limita o acúmulo de urato e mantém os rins limpos. O álcool deve ser evitado.
Altas doses de ibuprofeno reduzem a dor e a inflamação. Um médico poderia prescrever colchicina. Infelizmente, essa pode causar efeitos colaterais como náusea, vômito e diarreia. Um corticosteroide como a prednisona pode ser tomado oralmente ou injetado para reduzir a dor e a inflamação.


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