São Paulo, segunda-feira, 06 de junho de 2011

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Longa vida aos conscientes e aos conectados

KATHERINE BOUTON
ENSAIO

O segredo de uma longa vida tem sido muito estudado. O economista da saúde James Smith descobriu que a resposta era a educação. Fique na escola. Isso, sem dúvida, é verdade. Mas suas conclusões não se chocam necessariamente com um estudo conduzido por Howard S. Friedman e Leslie R. Martin e detalhado em seu livro "The Longevity Project" (o projeto longevidade). Seu trabalho foi único na medida em que acompanhou um mesmo conjunto de participantes durante oito décadas, da infância até a morte.
Sua chave para a longa vida: a consciência -que é, afinal, o que mantém as pessoas na escola.
Muitos supõem que a biologia seja o fator crítico para a longevidade. Caso seus pais tenham vivido até os 85 anos, você, provavelmente, também viverá. Não é assim, diz o doutor Friedman. "Os genes constituem cerca de um terço dos fatores que levam à longa vida", ele disse. "Os outros dois terços têm a ver com estilos de vida e sorte."
Como um exemplo de sorte, ele citou os veteranos da Segunda Guerra Mundial. "Um número muito maior dos que foram para o exterior, especialmente para o Pacífico, morreu depois da guerra do que os que foram mobilizados nos Estados Unidos", ele disse. Os homens enviados para o exterior tinham uma probabilidade 1,5 vez maior de morrer, comparados com seus colegas que ficaram no país.
Existem três explicações para o papel predominante da consciência. A primeira e mais óbvia é que as pessoas conscientes têm maior probabilidade de viver de modo saudável, não fumar ou beber em excesso, usar cinto de segurança, seguir as ordens dos médicos e tomar remédios quando prescritos. Em segundo lugar, as pessoas conscientes tendem a se encontrar não apenas em situações mais saudáveis como também em relacionamentos mais saudáveis: casamentos mais felizes, melhores amizades, condições de trabalho mais saudáveis.
A terceira explicação para a relação entre consciência e longevidade é a mais intrigante. Ele e outros pesquisadores descobriram que algumas pessoas são biologicamente predispostas não apenas a ser mais conscientes, mas também mais saudáveis. "Não apenas os indivíduos conscientes tendem a evitar mortes violentas e doenças ligadas ao fumo e à bebida, como têm menos tendência a uma série de doenças, não apenas as causadas por hábitos perigosos", eles escrevem.
A explicação fisiológica precisa é desconhecida, mas parece ter a ver com níveis de substâncias como serotonina no cérebro. Quanto ao otimismo, tem seu lado negativo. "Se você é alegre, muito otimista, especialmente diante das doenças e da recuperação, se não considera a possibilidade de sofrer reveses, então esses reveses serão mais difíceis de enfrentar", disse a doutora Martin. "Se você é dessas pessoas que pensam que tudo está bem -'não é preciso fazer backup dos arquivos do computador'-, o estresse do fracasso porque não foi cuidadoso é prejudicial. Você quase se predispõe a mais problemas."
E os exercícios? A doutora Martin fez a "Maratona das Areias", uma corrida de seis dias pelo deserto do Marrocos. Mas o exercício extremo não é um indicador previsível de longevidade (embora a organização e a persistência necessárias para chegar lá provavelmente sejam).
Em vez disso, passe seu tempo trabalhando em um emprego de que você gosta. "Existe hoje um erro de concepção sobre o estresse", disse o doutor Friedman. "As pessoas acham que todo mundo deveria levar a vida com calma." Mas, ele disse, "um trabalho duro que também é estressante pode estar associado à longevidade. Os desafios, mesmo que estressantes, também são um elo". Afinal, ele disse, "as pessoas que se envolveram, trabalharam duro, tiveram sucesso, foram responsáveis -não importa em que campo- tiveram maior probabilidade de viver mais". Muitas pessoas, é claro, têm de ficar em um emprego de que não gostam ou não fazem bem. Esse é um estresse ruim, e eles descobriram que essas pessoas tinham maior probabilidade de morrer jovens.
O casamento, somando a felicidade do marido e da mulher, era um bom previsor de futura saúde e longevidade. Mas, de maneira mais interessante, a felicidade do homem era um melhor previsor de saúde e bem-estar -para o casal. A felicidade dela importava menos para seu futuro bem-estar.
E o mais forte indício social de longa vida? Uma forte rede social. As mulheres tendem a ser mais fortes nisso.


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