São Paulo, segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Executivas de bancos ganham mais oportunidades na Índia

Grandes negócios sem a arrogância masculina

Por HEATHER TIMMONS

MUMBAI - Em Nova York ou Londres, as mulheres continuam escassas entre os principais executivos de bancos, após décadas de luta por ascensão. Já no relativamente jovem setor financeiro da Índia, muitas vezes são elas quem dão as cartas.
HSBC, JPMorgan Chase, Royal Bank of Scotland, UBS e Fidelity International são alguns dos bancos dirigidos por mulheres na Índia. O mesmo vale para o segundo e o terceiro maiores bancos do país, o Icici e o Axis. As mulheres comandam as operações de "investment banking" no Kotak Mahindra e no JPMorgan Chase e a divisão de títulos do Icici. Mulheres são metade dos presidentes do Banco Central indiano.
Num país onde em algumas regiões os pais ainda preferem filhos meninos, onde o índice de alfabetização feminina é baixo e onde a principal tenista local, Sania Mirza, anunciou neste mês que vai se aposentar depois de casar, a abundância feminina na gestão bancária pode parecer surpreendente. Mas as mulheres nesse setor, muitas delas com passagens por Londres e Nova York, dizem que a Índia tem a combinação correta de executivos (em geral homens) que as apoiam e um ambiente de trabalho diversificado, que não exige que elas se portem como "um dos meninos".
"Não é uma cultura homogênea, de jogar golfe e tomar cerveja", disse Naina Lal Kidwai, presidente do HSBC indiano e ex-diretora do Morgan Stanley no país. Na opinião dela, as mulheres "podem entrar no local de trabalho sob seus próprios termos". "Ainda é preciso ter redes, ainda é preciso trabalhar duro, mas [a cultura local] facilitou."
Isso deixa a Índia livre de algo comum em Wall Street: as mulheres que acham que precisam agir como o banqueiro homem estereotipado para avançar. Não há "senhoras do universo" fanfarronas neste grupo. As grandes executivas costumam vestir sáris e conversam abertamente sobre maridos e filhos.
Essas mulheres lidam com alguns dos maiores contratos da Índia -angariando US$ 9,7 bilhões para a empresa elétrica NTPC ou negociando a compra pela Vodafone de uma participação de US$ 11,1 bilhões de dólares na Hutchison Essar.
Quase todas estão na faixa dos 40 ou 50 anos, são de origem rica, cursaram boas escolas na Índia e no exterior e se formaram como as melhores da classe antes de se destacarem nos bancos. Então, muitas vezes elas têm o mesmo status dos homens que concorrem com elas ou são seus clientes.
O setor bancário pode ter mais meritocracia do que outros, segundo as mulheres, porque é fácil acompanhar um funcionário: basta ver o resultado financeiro.
"Você recebe o seu próximo grande desafio com base no seu desempenho e no seu potencial, e não se é um homem ou mulher", afirmou Chanda Kochhar, executiva-chefe do banco Icici, onde as mulheres ocupam mais de 40% dos principais cargos. Kochhar fez toda a sua carreira de 25 anos no Icici, passando do setor corporativo para o varejo, e de lá para dirigir os negócios internacionais, antes de se tornar executiva-chefe de finanças.
Para Shyamala Gopinath, uma das duas vice-presidentes do Banco Central, as mulheres "se destacam quando estão sujeitas a uma competição aberta".
Os patrões às vezes gravitam na direção das mulheres na Índia porque as acham "menos corruptíveis, mais diretas e transparentes", disse K. Sudarshan, sócio-gerente da EMA India.
Ao mesmo tempo, as mulheres do setor bancário indiano dizem que sempre se sentiram mais pressionadas que seus colegas homens. "Ficou muito claro que tínhamos de ter melhor desempenho e trabalhar mais duro", disse Kidwai.


Texto Anterior: Europeus reclamam do poder excessivo do Google
Próximo Texto: McDonald's russo adere a fornecedores locais

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.