São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PERFIS

ARNOLD SCHWARZENEGGER

Governador acumula feitos, mas perde fãs

Por JENNIFER STEINHAUER

LOS ANGELES - O governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, se prepara para deixar o cargo em janeiro. E a lição que vai tirar de seus sete anos de esforço talvez seja que virar um político independente é algo que pode render muitas coisas a uma pessoa: uma eleição, talvez uma reeleição, a adoção de novas políticas. Mas isso não significa que essa pessoa vai ser admirada.
Se a característica marcante da verdadeira independência é a escassez de amigos, então Schwarzenegger é o exemplo rematado do político independente.
Seu índice de aprovação popular não passa dos 30% desde maio de 2009. A Califórnia continua mergulhada em problemas fiscais profundos, com um deficit orçamentário de US$ 19 bilhões.
Schwarzenegger é desprezado pelos funcionários públicos estaduais (cujos salários reduziu), pelos democratas (que rejeitam sua aversão a novos impostos e seu desejo de cortar benefícios sociais) e pelos republicanos (que gostariam que essas aversões e desejos do governador fossem mais fortes), sem falar em estudantes universitários, pais de alunos de escolas públicas e pessoas que não gostam do cheiro de charuto.
"Durante a trajetória inteira houve pessoas que se decepcionaram", disse Schwarzenegger, dando uma tragada em um charuto em sua sala de trabalho em Santa Monica.
"Tudo o que você faz, você pensa que vai torná-lo mais popular" -mas ele descobriu que as coisas não são assim. "Eu passo de carro por Sacramento e há gente que grita comigo na janela."
Seu impacto mais notável terá sido sobre a própria política. Schwarzenegger convenceu os eleitores da Califórnia a aprovar eleições primárias não partidárias, nas quais os dois candidatos que tiverem o maior número de votos, independentemente de sua filiação partidária, se enfrentarão em um pleito geral.
E, em 2008, ele tirou das mãos dos parlamentares o direito de desenhar o traçado dos distritos legislativos.
"Está claro que ele ficará na história como o maior reformador político na história moderna da Califórnia", disse Jim Brulte, ex-parlamentar republicano.
Em 2006, na época da reeleição, o governador tomou o partido dos democratas, impondo controles mais rígidos sobre emissões de dióxido de carbono, elevando o salário mínimo em US$ 1 por hora e exigindo que Washington permitisse aos californianos importar medicamentos mais baratos do Canadá.
Após sua reeleição, contudo, Schwarzenegger e os democratas se desentenderam em relação ao Orçamento. Os republicanos zombaram dele por concordar em elevar alguns impostos para cobrir o grande deficit orçamentário.
Depois disso, Schwarzenegger se desentendeu com os democratas em torno da redução dos salários e benefícios dos funcionários públicos.
O governador terá sua imagem vinculada para sempre a um dos piores ciclos orçamentários da história do Estado, ciclo esse que incluiu o ano em que a Califórnia emitiu notas promissórias a seus credores -a segunda instância apenas em que isso tinha sido feito desde a Grande Depressão. Além disso, ordenou o licenciamento de funcionários do Estado.
"Ele agravou o problema, sob alguns aspectos-chave", opinou Jean M. Ross, diretora-executiva do Projeto de Orçamento da Califórnia, organização de viés esquerdista. Ela citou o fato de Schwarzenegger ter defendido a possibilidade de governos locais movimentarem verbas entre setores e ter pedido que um grande pacote de títulos fosse submetido à aprovação dos eleitores em um momento de dificuldades fiscais graves.
Schwarzenegger não revela o que a vida reserva para ele depois de deixar o governo da Califórnia. Mas seu passado como atleta lhe ensinou a buscar sua próxima vitória.
"Quando você olha meus bíceps, você diz 'uau, veja o resultado do treinamento'.
Isso é o óbvio." Mas o mais significativo, disse o governador, é o efeito interno do treinamento: "Quanto mais duro você treina, mais você conquista. Não existe atalho. Cada vez que você tropeça, tem de se reerguer e tentar de novo".


Texto Anterior: Equipamento experimental transforma ideias em atos
Próximo Texto: Marine Le Pen: Nome conhecido desponta na ultradireita francesa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.