São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2008

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LENTE

As últimas novidades em conforto para os animais

Os animais aéreos, terrestres e aquáticos já foram presas, commodities, mão-de-obra barata e companheiros para os humanos. É possível que estejamos agora redefinindo todas essas relações de maneira mais compassiva.
No clima de emoção que cercou a eleição presidencial norte-americana, passou despercebida a votação, na Califórnia, para aumentar as proteções legais aos animais usados na agropecuária. Aprovada em referendo por quase dois terços dos eleitores, a norma prevê que até 2015 todas as propriedades agrícolas no Estado garantam a seus animais espaço suficiente para que fiquem em pé, deitados ou estendidos ao máximo. Essas restrições vão tornar ilegais os engradados usados para conter bezerros e porcos, além das gaiolas pequenas em que muitas galinhas são mantidas em situação de aperto.
As granjas e fazendas se opuseram, mas Wayne Pacelle, presidente da Sociedade Humanitária dos EUA, espera que a aprovação inspire cooperação futura. “Os produtores não vão querer gastar tanto dinheiro nos combatendo a cada votação estadual”, disse ele a Maggie Jones, da “New York Times Magazine”. “Será que não vão preferir negociar e gastar esse dinheiro para reformar suas instalações, adiantando-se às novas regras?”
Na Europa, onde muitas dessas práticas já são proibidas, o movimento em direção a proteções maiores para os animais já está adiantado. O Parlamento espanhol aprovou uma lei que reconhece direitos legais para grandes símios, os parentes biológicos mais próximos dos humanos.
Mas conceder direitos a animais pode ter consequências inesperadas, como pode atestar a Índia. A reverência com que os hindus tratam as vacas não permite que elas sejam abatidas, mas não as protege do tráfego nas ruas. Nos últimos seis anos, Nova Déli vem sendo obrigada a pagar vaqueiros urbanos para afastar vacas de suas ruas lotadas. Os 165 vaqueiros da cidade laçam os animais com cordas para então transportá-los até santuários oficiais. É um trabalho perigoso.
“O segredo é, ao agarrar um chifre, não soltá-lo mais”, disse o vaqueiro Brajveer Singh ao “New York Times”.
Mas as vacas indianas gozam de poucas mordomias quando comparadas aos animais de estimação nos EUA, que há anos já desfrutam os confortos da vida moderna. A magnata hoteleira e imobiliária Leona Helmsley, em caso que ficou famoso, deixou US$ 12 milhões a seu cachorro quando morreu. Mas mesmo donos não tão ricos vêm fazendo esforços extras. Como relatou Bonnie Rothman Morris no “New York Times”, alguns equipam seus automóveis com arreios e cintos de segurança feitos sob medida para seus bichinhos.
É claro que há coisas atemporais nas relações entre humanos e animais —como a atração exercida pelos filhotinhos de cachorro. O presidente eleito Barack Obama marcou pontos de relações públicas quando prometeu a suas filhas um cachorro quando se mudarem para a Casa Branca. O filhote foi alvo de interesse intenso da imprensa, e Obama respondeu no mesmo tom, descrevendo-o, em tom de brincadeira, como “uma questão de maior importância para a família Obama”.
Mas se os animais têm algo a revelar sobre seus donos, Obama talvez deva refletir sobre um líder global com o qual tratará em breve. Em seu último aniversário, o primeiro-ministro russo Vladimir Putin ganhou de presente um filhote de tigre.

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