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Consumidor demora a aderir a teste de DNA que 'prevê' riscos à saúde
Por ANDREW POLLACK
Ligada ao Google por amor e por dinheiro, a empresa 23andMe parece o epítome de
uma empresa do século 21 -uma fusão entre biotecnologia de ponta e internet.
O ingrediente raro até agora são os clientes. A 23andMe é a mais conhecida de um
trio de empresas que em 2007 começou a usar a web para comercializar serviços
pessoais de genômica. As companhias rastreiam o DNA das pessoas, prometendo-lhes
revelar seu risco de contrair dezenas de doenças.
Promovida por sua cofundadora Anne Wojcicki, mulher de Sergey Brin, cofundador
do Google, a 23andMe atraiu atenção com "festas de cuspe", em que as pessoas
doavam amostras de saliva para análises de DNA.
Mas, para o consumidor comum, o serviço 23andMe -e o de suas principais
concorrentes, Navigenics e DeCode Genetics- tem sido mais difícil de vender.
Dois anos e meio depois de seu lançamento, a 23andMe tem só 35 mil clientes. E
pelo menos 25% deles receberam o serviço de graça ou por apenas US$ 25, em vez
das centenas de dólares em que se baseia o modelo comercial.
A baixa procura sugere que muitos ainda não entraram na era da genômica. Também
não ajuda o fato de que os serviços custam de US$ 300 a US$ 2.000 e foram
lançados durante uma grave recessão.
Mas os serviços enfrentam um problema ainda mais fundamental: na maioria dos
casos, o nível atual da tecnologia de escaneamento do DNA e da ciência é incapaz
de oferecer previsões significativas sobre o risco de uma pessoa desenvolver
determinada doença.
"É uma forma realmente maravilhosa de recreação", disse o geneticista Scott R.
Diehl. Mas, agregou, ainda é prematura para ser incluída em um programa de saúde
do Estado.
As empresas tiveram de se adaptar. A 23andMe passou por duas rodadas de
demissões em 2009. A Navigenics, que fica em Foster City, Califórnia, está em
seu terceiro executivo-chefe em um ano e também demitiu. Agora, seu marketing
foca médicos e programas de bem-estar corporativo, mais que consumidores.
Pessoas próximas à empresa estimam que a Navigenics tenha cerca de 20 mil
clientes, dos quais pelo menos 5.000 tiveram grandes descontos para participar
de um estudo.
E uma quarta empresa, a islandesa DeCode Genetics, passou pela falência depois
de fortes gastos para desenvolver drogas e testes de diagnóstico. O serviço de
genômica pessoal DecodeMe, embora seja apenas uma parte dos negócios da empresa,
aparentemente atraiu menos de 10 mil clientes.
O que ficou claro para os geneticistas apenas no ano passado é que as variações
genéticas conhecidas até agora explicam uma parte muito pequena do risco de
desenvolver a maioria das doenças. O restante envolve fatores genéticos ainda
desconhecidos ou ambientais, como a dieta das pessoas.
"O risco médio de contrair câncer de mama durante a vida é de 12%", disse Sarah
S. Murray, geneticista do Instituto de Pesquisas Scripps, que fez os testes da
23andMe e da Navigenics. "Meu risco é de 10%. Mas o que isso realmente
significa?"
As companhias estão adicionado mais informação "útil" além do risco de doenças.
Tanto a Pathway Genomics (outra empresa do setor) como a 23andMe hoje testam
variações genéticas que determinam se certos medicamentos vão funcionar ou
causar efeitos colaterais. A Navigenics está prestes a acrescentar essa
capacidade.
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