São Paulo, segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

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Hoteleiros se voltam à região Ásia-Pacífico

Por BETTINA WASSENER

HONG KONG — O setor global de hotéis se encontra em um profundo buraco, mas isso não impediu que a indústria apostasse na Ásia, única região do mundo onde há um forte crescimento.
Em outubro, dois grandes hotéis de luxo foram inaugurados em Hong Kong, ambos com vistas dos arranha-céus aninhados entre as montanhas e o porto da cidade. Um deles é um Hyatt Regency de 381 quartos, acima de um shopping center no bairro de Kowloon.
O outro é um Upper House de 117 quartos, de propriedade do conglomerado local Swire e a curta distância do centro empresarial em Hong Kong Island. Um Ritz-Carlton de 300 quartos está entre os hotéis que deverão abrir ali no ano que vem.


Setor vem crescendo no mercado asiático, apesar da crise global

Mesmo na difícil situação atual, as empresas de hotelaria, grandes e pequenas, estão levando a cabo planos de expansão na Ásia. Mas a desaceleração que causou uma queda na ocupação em todo o mundo também atingiu a Ásia. Para toda a região Ásia-Pacífico, a receita dos hotéis caiu 28,4%, refletindo a situação na Europa, enquanto empresas e turistas reduzem suas estadas e seus eventos no exterior, obrigando as operadoras a oferecer maiores descontos.
Embora algumas companhias hoteleiras digam que as taxas de ocupação começaram a se recuperar, as tarifas continuam sob intensa pressão. E muitos economistas dizem acreditar que a economia global ainda não saiu da lama, já que os gastos do consumidor nos Estados Unidos —a força motriz da maior parte do crescimento asiático— levarão anos para voltar ao normal.
“A Europa e os EUA ainda estão em grande confusão, e a Ásia não é imune ao que acontece lá”, disse Albert Edwards, diretor de estratégia global do banco Société Générale, em entrevista recente em Hong Kong.
Mas os gerentes de hotéis mantêm a crença de que a Ásia é o melhor lugar para estar. “Estamos crescendo mais depressa aqui do que em qualquer outra parte do mundo”, disse Michael Issenberg, diretor da Accor Ásia-Pacífico. A gigante hoteleira francesa, que dirige as marcas Novotel, Mercure e Sofitel, abriu 54 hotéis com cerca de 10 mil quartos na Ásia neste ano e planeja um número semelhante em 2010. Somente na Índia a Accor pretende ter 50 hotéis, com mais de 10 mil quartos, até 2012, contra os atuais cinco hotéis. Ian Wilson, diretor-geral para a Ásia dos Fairmont Hotels and Resorts, uma empresa hoteleira internacional, disse que daqui a dez anos a China deverá ter uma classe média de 400 milhões de pessoas. “E um índice de crescimento superior a 6% neste ano —se tivéssemos isso no Ocidente, todo o mundo estaria sorrindo”, disse.
A Índia, com sua grande população, tem um enorme potencial, mas também suas dificuldades de infraestrutura. Executivos do setor queixam-se das dezenas de licenças e do tempo necessário para abrir um hotel. A Indonésia, em comparação, é um bom lugar porque a expansão das viagens aéreas de baixas tarifas tornam mais fácil chegar à ilha de Bali.
Na China, a imagem também é variada. “A China não é um país, é um continente”, disse Martin Rinck, diretor do Hilton Worldwide na Ásia-Pacífico, por telefone, de Singapura.
As cidades do interior da China têm sido em geral resistentes, pois dependem menos de viagens internacionais. “Os destinos domésticos estão se saindo muito bem”, disse Rinck. “Cidades como Hefei e o resort de Sanya —aqui são mais de 80% de clientes chineses, e eles não param de chegar. A demanda continua crescendo.”
As operadoras internacionais estão se posicionando para um enorme aumento do número de chineses que viajam ao exterior. “É vital ter uma presença ali”, disse Wilson, da Fairmont, “para se estabelecer como marca que os chineses vão procurar quando viajarem ao exterior, o que certamente farão cada vez mais no futuro”.


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