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DIÁRIO DE WAZZANI
No Líbano, uma vista de guerra e paz
Por ROBERT F. WORTH
WAZZANI, Líbano - As montanhas rochosas e verdes nas redondezas de Wazzani,
cidade no sul do Líbano, formam uma das fronteiras mais instáveis do mundo.
As tensões estão especialmente elevadas desde que Israel acusou o Hizbollah de
obter mísseis Scud da Síria, no mês passado, e muitos libaneses dizem acreditar
que não vai demorar para que a guerra irrompa novamente.
Mas é em Wazzani, a poucos metros das cercas e dos postos militares da fronteira
israelense, que um novo resort está ganhando forma ao longo do rio Wazzani, com
três piscinas, chalés com piso de mármore e um restaurante e bar em estilo
marroquino. Soldados israelenses às vezes caminham até a margem oposta do rio e
olham admirados enquanto trabalhadores sírios montam cachoeiras falsas e
caminhos de pedra.
"Muita gente diz que somos loucos de colocar milhões de dólares nisto", disse
Khalil Abdullah, 58, o confiante empresário libanês que está construindo o
Wazzani Fortress (Fortaleza Wazzani), como se chama o resort. Ele rejeita
qualquer conversa sobre guerra, dizendo que seu empreendimento trará turistas e
empregos muito necessários.
O projeto ilustra a estranha dualidade da vida ali, enquanto os libaneses se
preparam para a guerra e para a possibilidade de uma temporada turística
recorde. Em certo sentido não é nada novo: o sul do Líbano foi ocupado por
Israel durante 18 anos, e o verão no hemisfério Norte sempre traz temores de um
novo choque.
Mas, nos últimos meses, pressões sobre o programa nuclear do Irã e o arsenal do
Hizbollah levaram muitos analistas a acreditar que uma nova guerra regional é
inevitável e que o Líbano será seu teatro. A possibilidade de um ataque
israelense contra instalações nucleares iranianas é apenas um dos fatores que
poderão desencadear mais uma guerra com o Hizbollah, o grupo militante xiita que
o Irã ajudou a criar e continua financiando.
Os líderes de Israel e do Hizbollah deixaram claro que acreditam que seu próximo
conflito será muito mais violento e decisivo que qualquer outro anterior. Depois
que o presidente israelense, Shimon Peres, acusou a Síria de armar o Hizbollah
com mísseis Scud, aldeões do sul do Líbano começaram a estocar provisões,
temendo o pior.
"Acho que desta vez Israel está decidido a encerrar a situação de uma vez por
todas", disse Jamal Bazzi, mãe de três filhos em Bint Jbail, cidade perto da
fronteira que foi destruída na guerra de 2006 entre Israel e o Hizbollah. "Tenho
outra casa em Sidon, onde estoquei comida, água e gás."
Mas muitos sulinos seguem ousados. Abdullah sonha construir um resort ali há 15
anos. Um boom de construções ocorre em grande parte do Líbano.
Questionado se os turistas temeriam a possibilidade de guerra, Abdullah riu e
disse que muita gente já quer reservar o resort para eventos. O Wazzani Fortress
será inaugurado formalmente em junho, agregou. "Também estamos construindo um
centro de conferências, e espero que um dia possamos abrigar negociações de paz
aqui."
Colaborou Hwaida Saad
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