São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 2011

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O lado feminino da famosa arte de rua

Por MALIA WOLLAN
A estátua de bronze de Rocky perto do Museu de Arte da Filadélfia irritava Jessie Hemmons, 24, que a achava grande, machista e turística demais. Por isso, recentemente, a artista plástica bombardeou a estátua. Com fios de lã cor-de-rosa.
Usando uma escada e uma agulha, Hemmons costurou sobre o boxeador fictício um colete com capuz, de cor rosa-choque, com as palavras "Vá ver a Arte" bordadas sobre a frente, com o intuito de incentivar turistas a visitar o museu. Muitos deles não o fazem, limitando-se a ser fotografados ao lado da estátua.
Hemmons descreveu seu ato de vandalismo artístico como "yarn bombing", ou "bombardeio de linha", adaptando um termo empregado para descrever o ato de cobrir uma área com grafites.
"A arte de rua e o grafite, normalmente, são dominados por homens", disse Hemmons. "O 'yarn bombing' é mais feminino. É como fazer grafitagem com blusas tricotadas pela vovó."
O "yarn bombing" é um fenômeno global. Em Paris, alguém encheu fendas em calçadas com nós de linha. Em Denver, um grupo chamado Ladies Fancywork Society (sociedade feminina de trabalhos de agulha) vem cobrindo troncos de árvore, bancos e telefones públicos com crochê. Em Londres, o grupo "Knit the City" (tricotar a cidade) vem praticando o "yarnstorming" (uma variação de "yarn bombing") em fontes e cercas. Em Melbourne, na Austrália, uma mulher conhecida como Bali cobriu pontos de ônibus e estacionamentos de bicicleta com trabalhos de agulha.
Conhecido como "grandma graffitti", ou "grafitagem da vovó", o movimento ganhou ímpeto e um manifesto em 2009, com a publicação do livro "Yarn Bombing: The Art of Crochet and Knit Graffiti" (yarn bombing: a arte da grafitagem com tricô e crochê), das tricoteiras Mandy Moore e Leanne Prain, de Vancouver, no Canadá.
O livro empresta termos do jargão do grafite e, em tom de semibrincadeira, apresenta o yarn bombing como alternativa ilícita para tricoteiras entediadas com a opção de produzir pulôver.
Prain disse que está ocupada desde que uma canadense, no Facebook, declarou o dia 11 de junho como "Dia Internacional do Yarn Bombing". Muitas tricoteiras se sentiram inspiradas pela texana Magda Sayeg, 37, vista por muitos como a mãe do yarn bombing. Em 2005, devido a um capricho, ela tricotou uma capa azul e rosa para a maçaneta da porta de sua butique em Houston.
"As pessoas desciam dos carros só para vir olhar", disse Sayeg, falando de sua criação. Mas nem todos os artistas que usam fios e linhas em seu trabalho apreciam a nova tradição feita com lã.
"Eu não faço yarn bombing -faço arte", disse, em Nova York, a artista plástica Agata Oleksiak, 33, que, desde 2003, vem envolvendo humanos, bicicletas e piscinas em crochê.
Em dezembro, Olek, como ela prefere ser chamada, cobriu a estátua do touro perto de Wall Street de fios de linha roxa e cor-de-rosa.


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