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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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Um México a mais

Eis um caso revelador de como jornalistas encontram, muitas vezes, dificuldade para lidar com estatísticas.
Na terça-feira, reportagem sobre relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) informava que, segundo a instituição, havia, em 2002, 220 milhões de pobres na América Latina (43,4% do total da população), além de 95 milhões de indigentes (18,8%).
Pobres são os que têm renda suficiente apenas para adquirir bens de necessidade básica; indigentes, nem isso.
Na crítica interna, fiz uma pergunta: e os outros 38% da população? Como se dividem em classe média, ricos, muito ricos? Não houve resposta.
Alertado depois por uma reportagem sobre o tema no diário espanhol "El País", porém, consultei o relatório no site da Cepal e constatei, como se diz, que o buraco era mais embaixo.
À minha dúvida, o relatório, de fato, não respondia, mas, em compensação, ele desmentia o que a Folha publicara.
Na verdade, o número de 220 milhões inclui os 95 milhões de indigentes, sendo estes considerados uma espécie de categoria dentro do total de pobres. Um "Erramos" deve estar publicado na edição de hoje (pág. A3).
Pelos dados inicialmente divulgados na Folha, o total de pobres e indigentes crescia, simplesmente, quase um México (cerca de 100 milhões de habitantes). Não é pouca coisa.


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