E-mail de um leitor, na segunda-feira, apontou falta de independência e de isenção por parte da Folha na cobertura sobre a situação política na Venezuela.
Em 21/8, uma quinta-feira, o jornal publicara no alto de sua Primeira Página foto com quatro colunas sobre a marcha realizada no dia anterior, em Caracas, pela oposição ao governo de Hugo Chávez, além de quase uma página inteira em Mundo.
Já um ato pró-Chávez, ocorrido no sábado, recebeu apenas uma notinha no domingo, sem imagem, na parte inferior de uma página interna.
Eis o desnível apontado pelo leitor, com quem concordo.
Imparcialidade, aqui, não significaria, obrigatoriamente, dar aos dois eventos a mesma dimensão, a começar pela diferença no total de manifestantes (eles teriam sido cerca de 1 milhão na quinta-feira ante cerca de 100 mil no sábado).
Mas a questão não é só numérica. É, principalmente, política. Deve-se considerar, na cobertura sobre o país vizinho, a permanente tensão em vigor, além das -corretas ou não- analogias feitas entre Lula e Chávez, a oposição lá e a oposição aqui, a mídia lá e a mídia aqui.
Se uma página inteira seria excessivo, a meu ver, no caso da manifestação pró-Chávez, uma notinha em canto de página significou, conscientemente ou não, quase "escondê-la" -num claro sinal de parcialidade.


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