São Paulo, segunda-feira, 01 de janeiro de 2007

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FERNANDO RODRIGUES

Lula e o ritmo da democracia

BRASÍLIA - Luiz Inácio Lula da Silva toma posse hoje como presidente reeleito. Passou quatro anos no Palácio do Planalto. Essa foi a sua maior realização. Tudo começa e termina na política.
O Brasil entra hoje na pré-adolescência da democracia representativa. As regras políticas relativamente claras e estáveis só vieram com a eleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1994. De lá para cá, meros 12 anos. Apenas um grão de areia na história.
Nunca é demais lembrar que em 1º de janeiro de 2003 deu-se um gesto que não ocorria há 42 anos no país: um presidente eleito pelo voto direto (FHC) passando a faixa presidencial para outro escolhido da mesma forma (Lula). A vez anterior havia sido com JK entregando o cargo para Jânio Quadros.
No início da democracia representativa nos Estados Unidos, a vida por lá também era um faroeste. Presidentes eram assassinados. As regras estavam ali para serem alteradas. "Muitos americanos consideram a instabilidade das suas leis como conseqüência necessária de um sistema cujos efeitos gerais são úteis. Mas não existe ninguém, creio eu, nos Estados Unidos, que pretenda negar que essa instabilidade existe ou que não a encare como um grande mal", escreveu Tocqueville há quase dois séculos.
Os americanos se assentaram. Construíram talvez uma nação com muitos defeitos, dada ao belicismo.
Mas é inegável a relevância dos 200 anos de democracia para transformar aquele país no mais próspero do planeta.
Lula já chegou a falar nas facilidades para aprovar reformas quando inexistem liberdades políticas. Ambíguo, mas pode ter sido só uma boutade, inconseqüente. O "duplipensar", sabe-se, é a marca do lulismo. O desafio do petista é passar mais quatro anos no Planalto e permitir que a democracia siga o seu ritmo. Será seu maior legado.


frodriguesbsb@uol.com.br

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