BRASÍLIA - Ano novo, vida nova e um monte de penduricalhos:
"Projetinho" -O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT), telefonou na semana passada para o do Senado, José Sarney (PMDB), que estava internado no hospital Sírio-Libanês para tirar um cálculo renal. Avisou que "não era para falar de política", mas Sarney não é besta: "E aquele meu projetinho?".
Referia-se ao projetão que amplia a Zona Franca para o resto da Amazônia, subtrai uns R$ 830 milhões por ano da Receita e virou um escândalo -principalmente para o PT, que o encampou.
Com o telefonema, a idéia voltou à gaveta. Para alívio do governo, do PT, do Congresso e do próprio Sarney. Ele detesta apanhar, e como vinha apanhando!
"Carguinhos" -De uma tacada, o chefe da Casa Civil, José Dirceu, criou quase 3.000 cargos no governo. Diante do espanto geral, justificou que era para "modernizar a administração pública". Tradução: "aparelhar o governo". Dizem que vai custar uns R$ 60 milhões por ano, mas já tem gente prevendo mais: R$ 90 milhões.
E Lula queria "enxugar" a máquina com a reforma ministerial!
"Bilhetinhos" -Com um bilhete para cá, outro para lá, o governo é suspeito de tentar furar filas de transplantes e de concursos públicos a favor de afilhados. Tudo ainda está obscuro, mas boa coisa não é.
Até agora, só se tem desmentidos vagos, lágrimas furtivas e o culpado de sempre: a imprensa!
"Amiguinhos" -Foi duro encontrar ministros na bancada do PMDB para selar o casamento do PT com o partido. Primeiro, acertaram Eunício Oliveira, o meteórico, nas Comunicações. Mas e a segunda vaga? Lula queria Pedro Simon, "um homem de bem", e ele recusou. Gushiken sacou o nome de Amir Lando, outro "homem de bem", que aceitou rapidinho.
Surpresa! O suplente de Lando no Senado tem para lá de cem processos na Justiça.
Calma, gente! Mas o suplente do suplente só tem 17!



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