|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
"Covas, um exemplo a seguir"
BRASÍLIA - ACM, crise política, reforma ministerial, tudo isso perdeu subitamente a importância diante da
doença e sobretudo da estatura política de Mário Covas.
Bastou a notícia de que seu estado é
grave e o mundo político fez uma
pausa. FHC parou tudo e viajou para
São Paulo. ACM decidiu adiar a festa
de chegada na Bahia.
Políticos de diferentes partidos trocaram as frases feitas e as maldades
contra adversários por elogios a Covas, lembranças e uma certa nostalgia. Especialmente os do PSDB.
FHC é presidente, José Serra e Tasso
Jereissati são perspectivas de poder.
Nenhum deles, porém, tem a força
que Covas sempre teve, desde o primeiro minuto do PSDB.
O partido, aliás, só foi criado em
1988 porque havia um nome com respeito e credibilidade para ser candidato à Presidência no ano seguinte.
Era Covas. Não ganhou, nem chegou
perto. Mas se transformou na principal referência tucana e dos tucanos.
No PT, no PFL, no PMDB, no PPS,
no PSB, os melhores quadros sempre
admitiram a admiração por Covas.
No Congresso, inclusive na Constituinte, Covas abria a boca e fazia-se
silêncio, mesmo quando estava pegando fogo. Havia quase uma reverência política e moral.
Até domingo, o Brasil curtia o Carnaval e assistia de nariz tampado ao
teatro de traições, acusações, verdades e mentiras que nivelam todos os
políticos ao rés do esgoto. A partir do
vôo de helicóptero que levou Covas
de volta ao Incor, passou-se a discutir
também a exceção. Nem todos são
iguais. Nem tudo está perdido.
Ontem, colocaram um adesivo no
Incor: "Covas, um exemplo a seguir".
É muito mais do que mera pieguice,
jogada politiqueira ou concessão a
quem luta contra a doença e a morte.
Fazer política com dignidade é raro e
difícil, mas não impossível. Mário
Covas é um ótimo exemplo.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: A longa sombra do arbítrio Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O bom combate Índice
|