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CARLOS HEITOR CONY
O bom combate
RIO DE JANEIRO - Durante a Segunda Guerra Mundial, reclamaram
quando a Inglaterra aliou-se à União
Soviética. Stálin havia sido sócio de
Hitler no estupro da Polônia. E, sendo comunista, o alvo preferencial de
sua luta era o capitalismo, que na
época tinha em Londres o epicentro
de seus movimentos sísmicos.
Interpelado pela aparente reviravolta ideológica, Churchill declarou:
"Se o demônio for contra Hitler, eu
me alio ao demônio!". Se a União Soviética não tivesse integrado o bloco
dos Aliados, a história seria diferente.
Mudando de cenário e época, temos no Brasil de hoje um elenco de
demônios. Cada grupo, cada um de
nós tem o direito de escolher o seu
próprio demônio.
Para muita gente, o demônio mais
ostensivo, o Satã da vez, seria ACM.
Mas para o Brasil que interessa, ou
seja, para o povo, os demônios que o
torturam são dois: a insensibilidade
social do neoliberalismo adotado pelo governo e a corrupção, que, além
de roubar o que é de todos, avilta moral e psicologicamente o brasileiro comum.
Há seis anos que sofremos neste caldeirão infernal. Não vem ao caso argumentar que ACM foi da Arena,
apoiou o regime autoritário até o episódio do brigadeiro Délio de Matos,
esteve ao lado de Collor, enfim, a sua
gorda figura baiana é polêmica desde
a fundação. Num pólo contrário, a figura de Stálin também é polêmica,
sendo muitos os que o consideram
mais diabólico do que Hitler.
O que realmente interessa, para a
humanidade, é que o tirano comunista resistiu a Hitler em Stalingrado.
E seus soldados foram os primeiros a
chegar ao bunker da Potsdamplatz.
Considerando-se a insensibilidade
social do neoliberalismo e a corrupção reinante como os verdadeiros demônios que nos desgraçam, somos
obrigados a reconhecer em ACM o
aliado mais eficiente contra o adversário que importa.
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