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ELIANE CANTANHÊDE
Uma a menos?
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto
e uma penca de ministros desmentiram publicamente a existência do
tal dossiê contra o casal FHC-Ruth
Cardoso, e a ministra Dilma Rousseff chegou ao requinte de telefonar
para a ex-primeira-dama garantindo que não havia nada disso. No tortuoso caminho para desmentir os
desmentidos, o "dossiê" derrapou,
virou "banco de dados" e um vexame nacional.
Parte do vexame é tentar atribuir
o vazamento do dossiê do uiscão a
algum tucano infiltrado no Planalto. Um tucano próximo o suficiente
para ter acesso à operação e a seus
detalhes, mas distante o bastante
para entregar o ouro dos companheiros? Com Lula no segundo
mandato, no quinto ano de governo
e blindado por uma popularidade
na estratosfera?
Olhando de fora, o mais provável
é que o PT esteja exercitando uma
velha prática do PT: a luta interna.
Dilma Rousseff foi saudada como
dura na queda, incorruptível, vítima da ditadura e boa executiva num
governo em que bons executivos
são (ou eram) peças raríssimas. Já
são qualidades suficientes para atiçar um preconceito daqui, um ciúme dali e, claro, inveja de tudo
quanto é lado.
Mas, ao se tornar "mãe do PAC" e
presidenciável do coração de Lula,
acendeu um outro sentimento ao
seu redor: o da disputa. Ministros,
governadores e a companheirada
petista em geral engoliria assim, tão
facilmente, a candidatura de uma
neófita saída do PDT? Gritalhona?
Com 3% nas pesquisas? Ora, ora.
Em vez de tucanos infiltrados,
Dilma deveria olhar à sua esquerda
e à sua direita para identificar resistências à preferida de Lula para
2010. Uma coisa é certa: alguns caciques petistas podem nem ter nada a ver com o vazamento, mas não
ficaram nem um pouco tristes com
o sufoco da ministra e o recuo da
presidenciável. Ao contrário.
O dossiê passa, e a fila anda -a fila de presidenciáveis petistas loucos pela bênção de Lula.
elianec@uol.com.br
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