|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Bom para o PT
SÃO PAULO - Até minha mulher, tucana de carteirinha, ficou indignada
com os relatórios de duas instituições
financeiras globais que recomendavam reduzir investimentos no Brasil
por conta do "risco" de vitória de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ela nem precisou ler o noticiário interno. Bastaram título e chamada de
capa desta Folha.
Podem-se até encontrar mil e uma
explicações para os relatórios das
duas financeiras, mas não dá para
esconder que são ambos primos-irmãos do famoso "800 mil empresários deixarão o Brasil se Lula ganhar", a idiotice proferida em 1989
por Mário Amato, então presidente
da Fiesp.
A bem da verdade, um bom punhado de empresários deveria mesmo ter
fugido do país, se tivesse vergonha na
cara, por ter financiado a aventura
de um sujeito chamado Fernando
Collor de Mello, que se revelaria "indecoroso", motivo pelo qual foi profilaticamente afastado do cargo.
Todos os empresários que pingaram dinheiro na mão de PC Farias, o
tesoureiro de Collor, sabiam perfeitamente quem era Collor e quem era
PC. Apostaram na indecência.
Ainda bem que, desta vez, não houve, ao menos na Folha, nenhuma voz
a referendar a avaliação das firmas
de investimento. Não sei se é evolução ou medo de parecer politicamente incorreto.
Ou, então, é a possibilidade de que
o PT use a seu favor os relatórios das
"merrylinch" da vida. Afinal, esse tipo de firma recomendou investimentos na Argentina no exato momento
em que eram praticadas políticas que
levariam o país à ruína.
Ora, se as "merrylinch" apóiam políticas ruinosas e acham que o PT é
contrário a elas, então viva Luiz Inácio Lula da Silva, como diz aquele
menino que o Duda Mendonça colocou na propaganda do partido.
Texto Anterior: Editoriais: DIREITO DE MORRER
Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: A jogada do PFL Índice
|