São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

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CLÓVIS ROSSI

Bom para o PT

SÃO PAULO - Até minha mulher, tucana de carteirinha, ficou indignada com os relatórios de duas instituições financeiras globais que recomendavam reduzir investimentos no Brasil por conta do "risco" de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ela nem precisou ler o noticiário interno. Bastaram título e chamada de capa desta Folha.
Podem-se até encontrar mil e uma explicações para os relatórios das duas financeiras, mas não dá para esconder que são ambos primos-irmãos do famoso "800 mil empresários deixarão o Brasil se Lula ganhar", a idiotice proferida em 1989 por Mário Amato, então presidente da Fiesp.
A bem da verdade, um bom punhado de empresários deveria mesmo ter fugido do país, se tivesse vergonha na cara, por ter financiado a aventura de um sujeito chamado Fernando Collor de Mello, que se revelaria "indecoroso", motivo pelo qual foi profilaticamente afastado do cargo.
Todos os empresários que pingaram dinheiro na mão de PC Farias, o tesoureiro de Collor, sabiam perfeitamente quem era Collor e quem era PC. Apostaram na indecência.
Ainda bem que, desta vez, não houve, ao menos na Folha, nenhuma voz a referendar a avaliação das firmas de investimento. Não sei se é evolução ou medo de parecer politicamente incorreto.
Ou, então, é a possibilidade de que o PT use a seu favor os relatórios das "merrylinch" da vida. Afinal, esse tipo de firma recomendou investimentos na Argentina no exato momento em que eram praticadas políticas que levariam o país à ruína.
Ora, se as "merrylinch" apóiam políticas ruinosas e acham que o PT é contrário a elas, então viva Luiz Inácio Lula da Silva, como diz aquele menino que o Duda Mendonça colocou na propaganda do partido.


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