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NEGOCIAÇÃO
Faltam apenas quatro meses
para que se completem cinco
anos de vigência de acordos formais
de socorro financeiro entre o governo brasileiro e o FMI. O acordo atualmente em vigor, firmado em setembro do ano passado, se estende até
novembro próximo. E parece alta a
probabilidade de que nessa ocasião
venha a ser firmado novo acordo.
Isso porque, apesar da melhora recente, a situação das contas externas
ainda inspira cuidados. A recuperação da oferta de crédito externo é incipiente e, dada a grande incerteza
que ainda envolve as perspectivas da
economia global, seu aprofundamento continua incerto. O estoque
de reservas de divisas do Banco Central (excluídos os recursos emprestados pelo FMI) continua muito baixo.
As negociações com o FMI, portanto, deverão continuar a frequentar o
noticiário. Seria conveniente que as
autoridades brasileiras adotassem,
nessas ocasiões, posição propriamente negociadora -ou seja, de
quem ouve os pleitos da outra parte
sem abrir mão da possibilidade de
apresentar contrapropostas.
Algumas declarações recentes das
autoridades sugerem a perspectiva
de que continue a preponderar uma
atitude excessivamente tímida. Afirma-se que o governo anuncia seu
programa econômico independentemente do acordo e que o cumprimento das metas anunciadas (por
excelência, as relativas ao aperto fiscal) tampouco depende do acordo.
A consolidação da melhora das
contas externas depende, em boa
medida, de um esforço para tornar o
superávit comercial mais sólido
-em particular, para que ele não se
esvaia quando a economia acelerar
seu crescimento. Isso requer, entre
outros elementos, o apoio do setor
público a investimentos voltados à
exportação e à substituição de importações. Interessa que as autoridades procurem, nas negociações com
o FMI, que sejam introduzidas modificações (por exemplo, na forma de
contabilização do déficit público)
que aumentem o raio de manobra
para que o setor público possa cumprir esse papel.
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