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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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NEGOCIAÇÃO

Faltam apenas quatro meses para que se completem cinco anos de vigência de acordos formais de socorro financeiro entre o governo brasileiro e o FMI. O acordo atualmente em vigor, firmado em setembro do ano passado, se estende até novembro próximo. E parece alta a probabilidade de que nessa ocasião venha a ser firmado novo acordo.
Isso porque, apesar da melhora recente, a situação das contas externas ainda inspira cuidados. A recuperação da oferta de crédito externo é incipiente e, dada a grande incerteza que ainda envolve as perspectivas da economia global, seu aprofundamento continua incerto. O estoque de reservas de divisas do Banco Central (excluídos os recursos emprestados pelo FMI) continua muito baixo.
As negociações com o FMI, portanto, deverão continuar a frequentar o noticiário. Seria conveniente que as autoridades brasileiras adotassem, nessas ocasiões, posição propriamente negociadora -ou seja, de quem ouve os pleitos da outra parte sem abrir mão da possibilidade de apresentar contrapropostas.
Algumas declarações recentes das autoridades sugerem a perspectiva de que continue a preponderar uma atitude excessivamente tímida. Afirma-se que o governo anuncia seu programa econômico independentemente do acordo e que o cumprimento das metas anunciadas (por excelência, as relativas ao aperto fiscal) tampouco depende do acordo.
A consolidação da melhora das contas externas depende, em boa medida, de um esforço para tornar o superávit comercial mais sólido -em particular, para que ele não se esvaia quando a economia acelerar seu crescimento. Isso requer, entre outros elementos, o apoio do setor público a investimentos voltados à exportação e à substituição de importações. Interessa que as autoridades procurem, nas negociações com o FMI, que sejam introduzidas modificações (por exemplo, na forma de contabilização do déficit público) que aumentem o raio de manobra para que o setor público possa cumprir esse papel.


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