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POLÍCIA "DURÍSSIMA"
A afirmação do governador
do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, de que quer uma polícia
"duríssima", será entendida por alguns como "de ação implacável dentro dos limites da lei". Outros, contudo, aí incluídos os maus policiais,
poderão interpretar a ordem como
uma licença para matar.
Essa é uma das explicações possíveis para os mais recentes dados sobre o número de pessoas mortas por
policiais no Estado. No primeiro trimestre de 2003, registrou-se um
crescimento de 21% em relação ao
mesmo período do ano anterior. E
essa é, infelizmente, uma tendência
já antiga. Em 2002, o número de civis
mortos por policiais no Estado de
São Paulo já havia crescido 32% em
relação ao ano anterior e foi recorde
desde 1996, quando a pesquisa, que é
feita pela Ouvidoria das Polícias, começou a ser realizada.
A maioria das mortes provocadas
pela polícia é catalogada sob a rubrica "resistência seguida de morte", o
que caracterizaria legítima defesa. O
aumento dos óbitos seria, segundo o
comando da polícia, o resultado da
crescente ousadia e periculosidade
dos bandidos. O problema dessa tese é que o número de policiais mortos permanece mais ou menos estável ao longo dos anos, enquanto o de
civis vem crescendo. É forçoso, portanto, reconhecer que a polícia paulista está se tornando mais violenta.
E isso quando os números paulistas já são chocantes. Em 2002, o total
bruto de óbitos por policiais foi de
825. Apenas para ilustrar, registre-se
que, nos EUA, em 2000, houve 297
mortes de civis por policiais. A população norte-americana é quase sete
vezes maior do que a de São Paulo.
A polícia precisa ser capaz de agir
com vigor, mas não pode agir fora
dos limites legais. Talvez o governo
esteja sendo ineficiente ao passar essa segunda parte da mensagem para
os seus comandados.
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