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ELIANE CANTANHÊDE
Laço ao Congresso
BRASÍLIA - Na expressão do repórter Raymundo Costa, "Lula laçou o Congresso". Pois não é que laçou mesmo?
Todo o script, o cenário, os personagens e até as caras e expressões de ontem foram detalhadamente programados para garantir clima e circunstância para a aprovação já das reformas da Previdência e tributária. Foi
um misto de jogada política com
marketing, tendo ao centro Lula no
seu melhor estilo "paz e amor". Deu
todos os recados, exigiu pressa, mas
com cara de excelentes amigos.
A seu lado direito, os líderes Inocêncio Oliveira, do oposicionista PFL, e
Geddel Vieira Lima, do vai-não-vai
PMDB, tentavam se diferenciar. Em
meio a sorrisos e louvações, ambos
faziam cara séria. Nem por isso vão
votar contra as reformas.
Reformas, aliás, que não são "do
governo federal", como disse o presidente da Câmara, João Paulo Cunha,
do PT, corrigido publicamente por
Lula. São do país e dos governadores,
inclusive dos da oposição.
Alckmin, aliás, passou por dois
constrangimentos. O primeiro: foi
chamado para ficar com os demais
governadores, de pé, atrás da mesa
em que se sentava Lula, e galhardamente preferiu continuar sentado no
plenário. O segundo: chamado de novo, acabou tendo de ir. Ficou chato.
Mas esses são detalhes. O fundamental é que as propostas foram bem
discutidas, tiveram ampla participação dos governadores e chegam ao
Congresso com uma rejeição pífia,
inclusive nas ruas. Apenas uns gatos
pingados tentavam se manifestar
contra. Como só uns gatos pingados
do PT e do PDT gritam contra.
Lula está com a bola toda, enquanto o Congresso começa o processo formal de votações e ninguém mais fala
dos tropeços do governo e do Fome
Zero. Se alguém pode atrapalhar isso
não são Heloísa Helena, Babá e Luciana Genro -nem Leonel Brizola.
Poderia ser a opinião pública, mas
até aí Lula parece estar vencendo: O
argumento da "justiça social" prevalece sobre a fria "questão fiscal" do
governo FHC. A proposta é, no fundo,
a mesma. O que muda é o convencimento. Nisso, Lula dá um banho.
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