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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Laço ao Congresso

BRASÍLIA - Na expressão do repórter Raymundo Costa, "Lula laçou o Congresso". Pois não é que laçou mesmo? Todo o script, o cenário, os personagens e até as caras e expressões de ontem foram detalhadamente programados para garantir clima e circunstância para a aprovação já das reformas da Previdência e tributária. Foi um misto de jogada política com marketing, tendo ao centro Lula no seu melhor estilo "paz e amor". Deu todos os recados, exigiu pressa, mas com cara de excelentes amigos.
A seu lado direito, os líderes Inocêncio Oliveira, do oposicionista PFL, e Geddel Vieira Lima, do vai-não-vai PMDB, tentavam se diferenciar. Em meio a sorrisos e louvações, ambos faziam cara séria. Nem por isso vão votar contra as reformas.
Reformas, aliás, que não são "do governo federal", como disse o presidente da Câmara, João Paulo Cunha, do PT, corrigido publicamente por Lula. São do país e dos governadores, inclusive dos da oposição.
Alckmin, aliás, passou por dois constrangimentos. O primeiro: foi chamado para ficar com os demais governadores, de pé, atrás da mesa em que se sentava Lula, e galhardamente preferiu continuar sentado no plenário. O segundo: chamado de novo, acabou tendo de ir. Ficou chato.
Mas esses são detalhes. O fundamental é que as propostas foram bem discutidas, tiveram ampla participação dos governadores e chegam ao Congresso com uma rejeição pífia, inclusive nas ruas. Apenas uns gatos pingados tentavam se manifestar contra. Como só uns gatos pingados do PT e do PDT gritam contra.
Lula está com a bola toda, enquanto o Congresso começa o processo formal de votações e ninguém mais fala dos tropeços do governo e do Fome Zero. Se alguém pode atrapalhar isso não são Heloísa Helena, Babá e Luciana Genro -nem Leonel Brizola. Poderia ser a opinião pública, mas até aí Lula parece estar vencendo: O argumento da "justiça social" prevalece sobre a fria "questão fiscal" do governo FHC. A proposta é, no fundo, a mesma. O que muda é o convencimento. Nisso, Lula dá um banho.


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