UOL




São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TENDÊNCIAS/DEBATES

Mais empregos, mais salários

PAULO PEREIRA DA SILVA

Hoje realizaremos a maior festa comemorativa do 1º de Maio do mundo. Uma comemoração pacífica, pluralista e democrática. Em nenhum outro lugar do mundo um grupo de sindicatos livres consegue reunir mais de 1 milhão de pessoas para comemorar o Dia do Trabalho e refletir sobre a situação econômica, política e social de um povo. Não há mais como negar que o evento da Força Sindical já faz parte do calendário da cidade; ele está sintonizado com os problemas concretos dos trabalhadores. No ano passado, cerca de 1,7 milhão de pessoas compareceram ao evento organizado pelos sindicatos filiados à nossa central.
É bem verdade que um dos motivos da presença do público é ouvir seus cantores preferidos. Mas há também a participação nas Estações Cidadania (exames femininos, "escovódromo" para crianças, palestras sobre a importância da saúde bucal, saúde do coração etc.). Tudo isso sem esquecer de fazer uma abordagem objetiva dos problemas trabalhistas e das bandeiras de luta dos trabalhadores. A urgência das reformas estruturais, a questão do desemprego, a queda da renda dos trabalhadores, o respeito aos direitos trabalhistas e uma distribuição de renda mais justa estarão na pauta das discussões.
Neste ano o evento será marcado pelo slogan "Mais empregos, mais salários". Sabemos que somente com melhores salários e mais empregos conseguiremos alavancar a economia. Ultimamente os trabalhadores têm sentido o fogo do dragão da inflação corroer seus parcos rendimentos -que estão em queda há meses. Sem contar o "custo São Paulo". Digo isso porque os paulistanos sentiram no bolso a criação de taxas da prefeitura e o aumento absurdo das tarifas públicas. Ora, se os trabalhadores não têm renda, como vão consumir? E, sem consumo, a indústria diminui sua produção, gerando desemprego.
Diante de tal situação, lançamos a campanha salarial de emergência em março e já conseguimos repor as perdas de grande parte dos metalúrgicos de São Paulo, de Osasco, Guarulhos, Curitiba, e Santa Catarina; dos químicos do Estado; e dos padeiros de São Paulo. E vamos continuar lutando ao lado de outras categorias. Melhorar a vida dos trabalhadores é uma premissa básica da nossa central.


Estamos participando ativamente na luta pelas reformas. Nossa proposta para a Previdência é de um teto de dez mínimos


Estamos também atentos e participando ativamente na luta pelas reformas. A nossa proposta para a Previdência é de um teto de dez salários mínimos. Essa reforma deve, obrigatoriamente, acabar com qualquer tipo de privilégio. Isso significa tirar de poucos que ganham muito e aumentar a aposentadoria de muitos que recebem pouco. É uma justa distribuição. É inadmissível milhões de aposentados receberem um salário mínimo, enquanto alguns proventos chegam a R$ 53 mil. Consideramos também mais correto passar a contribuição da folha de pagamentos para o faturamento das empresas. Sabemos que empresas de alta tecnologia têm faturamento alto, mas contribuem pouco, pois empregam pouco.
Vamos pressionar pela urgência da reforma tributária. Os tributos, hoje, devoram nada menos do que a terça parte de todos os rendimentos gerados anualmente. Não concordamos com esse assalto, porque não é possível que essa dinheirama toda de receita fiscal, mesmo sendo transformada em gastos públicos, seja incapaz de satisfazer as demandas básicas da população -segurança, saneamento básico e transporte público decente são algumas que podemos citar. Queremos que a reforma tributária acabe com essa aberração: carga tributária excessiva, imposto em cascata e serviços públicos de péssima qualidade.
Desde sua fundação, a Força Sindical defende uma política governamental que, efetivamente, combata o desemprego. Defendemos há anos a redução da jornada semanal de trabalho para 40 horas. Segundo estimativas do Dieese, cerca de 1,7 milhão de novos postos de trabalho poderiam ser criados com a redução. A qualificação e a requalificação profissionais também serão assunto quente dos nossos discursos. A Força Sindical já qualificou cerca de 710 mil trabalhadores que ganharam um reforço na hora de conseguir uma nova colocação no mercado. Infelizmente, o contingenciamento imposto pela equipe econômica do governo irá diminuir, e muito, esse benefício aos trabalhadores.
Enfim, vamos realizar um Dia do Trabalho com shows e sorteios, mas também vamos discutir e apontar caminhos para a construção de uma sociedade mais justa. Isso é um sindicalismo moderno. Não é à toa que o prestígio da nossa central só tem aumentado. Somos uma central sindical de propostas e lutamos por um Brasil melhor, com salários dignos e mais empregos.

Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, 47, é presidente nacional da Força Sindical.


Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES
João Felicio: Participação e luta por emprego e salário

Próximo Texto:
Painel do leitor

Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.