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FBI, URGENTE
O pacote de mudanças no FBI
(a polícia federal dos EUA) que
a administração do presidente George W. Bush anunciou dá mais poderes para os agentes especiais monitorarem o público. Agora, os policiais
poderão investigar preventivamente
sites da internet, bibliotecas, igrejas e
organizações políticas. Antes esse tipo de diligência só era autorizada se
estivesse ligada a um caso concreto
em investigação pelo FBI.
A medida, como outras adotadas
depois de 11 de setembro, arranha liberdades civis. As restrições à "espionagem doméstica" eram fixadas
em normas internas do FBI. A idéia
era evitar, entre outros abusos, que o
birô voltasse a confeccionar dossiês
sobre pessoas, atividade em que se
notabilizou nos tempos do polêmico
J. Edgar Hoover, que dirigiu a organização entre 1924 e 1972.
Chega a ser curiosa a declaração do
secretário de Justiça dos EUA, John
Ashcroft, de que as restrições constituíam uma "vantagem comparativa
para os terroristas". Está contida aí a
idéia de que há uma disputa de igual
para igual entre os EUA e os terroristas. Um Estado -e principalmente
um Estado democrático como os
EUA- não pode pretender "concorrer" com terroristas.
Em termos teóricos, é inadmissível
que o poder público chegue a cogitar
de empregar os mesmos métodos
que "o concorrente". Não importa o
que aconteça, um Estado democrático tem de atuar segundo as regras da
democracia, que necessariamente limitam a movimentação de policiais.
O pacote do FBI chegou num momento em que a Casa Branca vinha
sendo severamente questionada pela
forma como lidou com informações
relativas ao 11 de setembro. Mas, no
que está se tornando um padrão
preocupante, a administração Bush,
em vez de investigar as razões pelas
quais FBI e outras agências falharam, procura responder às críticas
assumindo mais poderes e arranhando mais direitos.
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