|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
O PMDB e o PT
BRASÍLIA - Qual é a chance de o
PMDB não apoiar o presidenciável
tucano, José Serra? Não é zero porque
em política nada é impossível. Mas é
uma hipótese tão ou mais remota do
que era a vitória da seleção do Senegal sobre a da França na Copa.
Apresentada essa premissa, é importante então fazer a seguinte conclusão: quem mais lucrou até agora
com essa possível aproximação do PT
com o PMDB foi o ex-governador
paulista Orestes Quércia.
O peemedebista Quércia foi absolvido por Lula nos telejornais noturnos desta semana. O presidenciável
petista disse não haver condenação
contra Quércia.
Se não for possível uma aliança formal entre o PT e o PMDB, Quércia estará livre para aliar-se aos tucanos
paulistas. Uma operação nesse sentido está em curso.
Eis a arquitetura: Geraldo Alckmin
(PSDB) concorre à reeleição para o
governo de São Paulo; o PFL e o
PMDB indicam um candidato ao Senado cada um. Seriam o pefelista Romeu Tuma e o peemedebista Quércia.
Se Tuma aceitar, poderia ser o candidato a vice-governador. Nesse caso,
sobraria uma vaga para o PSDB lançar o deputado José Aníbal para o Senado. Se Tuma não quiser, tudo bem.
Os tucanos rifam Aníbal (cujas
chances eleitorais são incertas).
Nesse arranjo, Quércia estaria à
vontade para voltar à cena nacional
como senador. Se o PT atacá-lo na
campanha, basta sacar uma cópia
das declarações de Lula repetidas várias vezes em telejornais.
É um erro afirmar que Quércia deseja apenas lavar a sua imagem e depois descartar o PT. O peemedebista
enxerga mais chances eleitorais em
Lula do que em Serra. Mas o interesse
maior é em si próprio. Tanto é que o
ex-governador já declarou não ter
nada contra Alckmin.
Como se observa, a opção do PT pelo pragmatismo pode, eventualmente, resultar num desastre ainda
maior do que as posições sectárias do
partido de Lula no passado.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Quem é subversivo? Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Questões graves, gravíssimas Índice
|