São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

O PMDB e o PT

BRASÍLIA - Qual é a chance de o PMDB não apoiar o presidenciável tucano, José Serra? Não é zero porque em política nada é impossível. Mas é uma hipótese tão ou mais remota do que era a vitória da seleção do Senegal sobre a da França na Copa.
Apresentada essa premissa, é importante então fazer a seguinte conclusão: quem mais lucrou até agora com essa possível aproximação do PT com o PMDB foi o ex-governador paulista Orestes Quércia.
O peemedebista Quércia foi absolvido por Lula nos telejornais noturnos desta semana. O presidenciável petista disse não haver condenação contra Quércia.
Se não for possível uma aliança formal entre o PT e o PMDB, Quércia estará livre para aliar-se aos tucanos paulistas. Uma operação nesse sentido está em curso.
Eis a arquitetura: Geraldo Alckmin (PSDB) concorre à reeleição para o governo de São Paulo; o PFL e o PMDB indicam um candidato ao Senado cada um. Seriam o pefelista Romeu Tuma e o peemedebista Quércia.
Se Tuma aceitar, poderia ser o candidato a vice-governador. Nesse caso, sobraria uma vaga para o PSDB lançar o deputado José Aníbal para o Senado. Se Tuma não quiser, tudo bem.
Os tucanos rifam Aníbal (cujas chances eleitorais são incertas).
Nesse arranjo, Quércia estaria à vontade para voltar à cena nacional como senador. Se o PT atacá-lo na campanha, basta sacar uma cópia das declarações de Lula repetidas várias vezes em telejornais.
É um erro afirmar que Quércia deseja apenas lavar a sua imagem e depois descartar o PT. O peemedebista enxerga mais chances eleitorais em Lula do que em Serra. Mas o interesse maior é em si próprio. Tanto é que o ex-governador já declarou não ter nada contra Alckmin.
Como se observa, a opção do PT pelo pragmatismo pode, eventualmente, resultar num desastre ainda maior do que as posições sectárias do partido de Lula no passado.



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