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EDITORIAIS
CONFIANÇA ABALADA
O governo americano revisou
a taxa de crescimento da economia de 5,6% para 6,1% no primeiro trimestre de 2002. O surpreendente resultado do PIB representou uma
boa notícia, mas rapidamente tornou-se uma fotografia do passado.
No segundo trimestre, a situação
da economia americana parece bastante diferente. Os mercados acionários estão sofrendo acentuadas perdas diante de baixas perspectivas de
lucro das empresas e de revelações de
fraudes contábeis nos balanços de
algumas grandes companhias. A desilusão com as empresas americanas, que possuíam os mais elevados
padrões contábeis do mundo, contaminou o dólar. A moeda americana
já perdeu 10% em relação ao euro.
Para o segundo trimestre, as expectativas são de um crescimento do PIB
em torno de 2,7%. Em sua última
reunião, o Federal Reserve, banco
central americano, decidiu manter a
taxa de juros em 1,75% ao ano, uma
vez que a recuperação pode estar perdendo força. Afirmou ainda que o
crescimento americano continua
ameaçado enquanto não houver
uma sólida recuperação dos investimentos nas corporações.
Todavia, a crise de confiança pode
ocasionar uma redução no volume
de crédito corporativo, dificultando
ainda mais a retomada. Há sinais de
crescente aversão ao risco e de elevação das taxas de juros.
A insegurança dos investidores e a
desvalorização das ações podem afetar também a confiança dos consumidores, reduzindo o consumo das
famílias e comprometendo um dos
pilares da economia americana. Podem ainda abalar a capacidade de
atração de investimento estrangeiro
para os mercados americanos. Menos recursos externos podem significar dificuldades para financiar o déficit comercial (acima de US$ 30 bilhões ao mês) e o déficit no Tesouro
(estimado em US$ 100 bilhões).
Enfim, há sinais de que a economia
americana pode não entrar em recessão, mas provavelmente não crescerá
em ritmo capaz de conduzir o mundo a um novo ciclo de expansão.
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