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EDITORIAIS
PRATO REQUENTADO
O pacote de medidas anunciado na quarta-feira pelo governo federal para combater a violência
no Rio de Janeiro tem o mérito de sepultar de vez a estranha idéia do prefeito Cesar Maia de colocar a cidade
sob estado de defesa.
No início da semana, a Prefeitura
do Rio foi alvo de uma abjeta demonstração de força, ao que tudo indica por parte do crime organizado.
Cerca de 150 projéteis de armas de fogo atingiram a fachada de sua sede.
O presidente Fernando Henrique
Cardoso, em visita de desagravo ao
local do atentado, mencionou "medidas fortes" como a resposta necessária. Mas os dez pontos anunciados
na quarta, como reconheceu o próprio ministro da Justiça, não têm
"nada de pirotécnicos". E, de fato,
parecem até corriqueiros, como a intensificação do policiamento nas estradas, patrulhamento naval e articulação de atividades entregues a uma
"força tarefa" ainda imprecisa.
O governo federal havia lançado
em 2000 um Plano Nacional de Segurança Pública que não chegou a ser
por inteiro implementado. Há, além
disso, uma tendência de reagir de
acordo com episódios de grande repercussão emocional sem, no entanto, uma clara diretriz que dê à sociedade o sentimento de que o governo
está atuando ou que dê aos criminosos a certeza de que a repressão será
mais eficiente.
Em verdade, o crescimento da criminalidade aterroriza os cidadãos e
exige uma resposta com a ambição
comparável à de um Plano Marshall,
destinada a recuperar espaços sociais que caíram em mãos do crime
organizado. São necessárias políticas sociais agressivas, programas de
renda mínima e de lazer para a juventude, policiamento comunitário e sobretudo uma repressão feita com inteligência por uma polícia equipada.
O Fundo Nacional de Segurança
Pública já liberou este ano R$ 160 milhões. Mas não é apenas essa quantia
que é pouca. Insuficiente também é o
alcance das medidas "sociais" que
lhe dariam um sentido mais eficaz.
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