São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Agora, a política

BRASÍLIA - Acabou a Copa do Mundo. A seleção brasileira de futebol é pentacampeã. FHC telefonou para Ricardo Teixeira e adulou o dirigente da CBF, antes considerado contagioso pelo governo tucano.
Esse gesto do presidente da República é emblemático. Inaugura uma nova temporada para o país. Sai o futebol e entra a política. Inimigos podem se tornar aliados. O oposto idem. Vale tudo para ficar no poder. Para o bem ou para o mal, os telejornais noturnos, sobretudo os da TV Globo, também deixarão de dedicar tanto tempo ao esporte.
Nada de novo nessa transição. É o que acontece em anos de Copa do Mundo e de eleição presidencial no Brasil. As datas coincidem desde 1994. Não faltará análise sobre os efeitos que a conquista do pentacampeonato de futebol terá sobre a política. Ajuda mais a Serra (PSDB) ou aos candidatos de oposição?
Enquanto durou, a Copa do Mundo ajudou tanto a Serra como a Lula. O governo se beneficiou por ter abafado do grande público a disparada do dólar e o clima de fim dos tempos que imperou na economia e nos mercados financeiros. O petista se deu bem porque as acusações de caixa dois de Santo André ficaram encobertas pelos gols dos "erres" de Felipão. Agora, o que tiver de aparecer aparecerá.
Esse efeito cortina de fumaça logo se dissipará. Sobrarão os fatos. O dólar nas alturas, a economia titubeante. Na lista da política, o escândalo petista de Santo André tem tudo para decolar sem a concorrência do futebol no noticiário.
Começa também neste mês a prometida ampla cobertura da TV Globo para a eleição presidencial. Lula, Serra, Ciro e Garotinho serão entrevistados, separadamente, no "Jornal Nacional". Ao vivo. É algo inédito nessa emissora. Vai ser duro trocar as imagens da Copa do Mundo pelos discursos desses quatro no início da noite. É a temporada política. A realidade depois do sonho do penta.


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