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CARLOS HEITOR CONY
Deus salve Lula
RIO DE JANEIRO -
Todos amamos o Lula, como os ingleses amam a sua
rainha. "God save the Queen". Tem
tudo o que nós gostamos: sinceridade, simplicidade, imensa experiência
de vida, honradez pessoal, disposição
para a luta, boas, boníssimas intenções. Poderia ir até o fim desta crônica citando suas qualidades e certamente ficariam faltando algumas.
Mas vamos e venhamos: até agora,
não demonstrou qualquer aptidão
para exercer um cargo executivo. Já
não se fala da Presidência da República, que constitui a ponta da pirâmide, mas nem mesmo de cargos secundários que requisitem, além de
todas as excelentes qualidades que
possui, uma tarimba especial para
não só navegar entre os abrolhos da
política mas para exercer de fato um
conhecimento da máquina administrativa de um país com as complexidades do Brasil.
Até agora, é bom acentuar, ele não
abandonou o palanque que o consagrou como o mais sincero e honesto
opositor de tudo o que há de errado
no governo e na sociedade. É evidente que não se cobrará dele uma sabedoria profunda de economia, relações internacionais, saúde, transportes, educação etc.
Tive um amigo, empresário com
mais de 5.000 funcionários, que sempre perguntava quando um candidato presidencial lhe pedia auxílio para
a campanha eleitoral: "Quantas chaminés o senhor já teve?".
É uma fórmula simplista de questionar a vivência de alguém que vai
manipular orçamentos gigantescos,
lidar com milhões de funcionários,
moderar conflitos de produção e relacionamento entre tantas classes divergentes que compõem uma nação.
Nesse particular, Lula tem dado
provas negativas de sua capacidade
administrativa. Cobra dos outros a
garra e a boa vontade que ele tem de
sobra. Quando diz, por exemplo, que
tudo está errado, que consertará tudo
em quatro anos, dá prova de um
messianismo que nem mesmo a rainha da Inglaterra nunca se atribuiu.
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