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DROGAS LIVRES
A revista britânica "The Economist" voltou à carga. Em seu
mais recente número, a prestigiosa
publicação liberal defende, como
vem fazendo há anos, a legalização
de todas as drogas. A revista, que pode ser lida pela internet (www.economist.com/printedition), traz vigoroso editorial e várias reportagens
para justificar seu ponto de vista.
Para "The Economist" há razões
teóricas e práticas a reclamar a liberação. Em termos filosóficos, e segundo a tradição utilitarista de John
Stuart Mill (1806-1873), o Estado não
tem o direito de intervir para impedir
que indivíduos façam algo que os
prejudique. "Sobre si mesmo, sobre
seu corpo e sua mente, o indivíduo é
soberano", proclamou o filósofo.
Para a revista, não há diferenças filosóficas significativas entre injetar
uma dose de heroína e escalar uma
montanha. Ambos os comportamentos apresentam risco. Devem
preocupar as companhias de seguro
e as mães, mas devem ser tolerados
pelo Estado democrático.
O argumento prático diz respeito à
distribuição dos prejuízos. Segundo
a publicação, eles "recaem de forma
desproporcional sobre os países pobres e sobre pessoas pobres em países ricos". Nas nações miseráveis
que produzem as drogas, verifica-se
o surgimento de grupos tão poderosos que ameaçam o Estado e corrompem instituições políticas. Nos
países ricos, são os indivíduos pobres que têm maior probabilidade de
serem empregados no comércio de
drogas e, assim, de parar na cadeia.
A tese de "The Economist" faz sentido. E, à exceção dos EUA, o mundo
desenvolvido parece estar caminhando nessa direção. Na Europa já são
vários os países que descriminalizaram as drogas. Nesta semana, o Canadá autorizou o uso terapêutico da
maconha. São só os EUA que ainda
insistem obstinadamente na repressão pura e simples.
Maior tolerância e programas de
redução de danos são cada vez mais
aceitos como alternativas. O Brasil
não pode se furtar a esse debate.
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