São Paulo, quarta-feira, 01 de agosto de 2001

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CARLOS HEITOR CONY

Bola de cristal

RIO DE JANEIRO - Cobram-me um comentário sobre a seleção nacional, que nunca esteve tão por baixo, tão no fundo do poço. Já comentei o assunto no programa que mantenho com o Artur Xexéo na CBN. E repito o que venho dizendo há bastante tempo.
Não temos seleção. E pior do que não termos seleção é não termos espírito de seleção, que antes era a alma e o corpo do nosso futebol. A diáspora dos nossos melhores jogadores é relativamente antiga, mas nunca nos faltaram os craques que colocavam a camisa, fosse a branca, a amarela ou a azul, acima de suas próprias carreiras.
O resultado é que não nos faltam grandes jogadores, mas falta-nos equipe, visto que a modalidade do futebol que praticamos é justamente isso, associação, conjunto.
Daí que minha sugestão, dada diversas vezes no programa da CBN, é a de convocar um dos times brasileiros, aquele que estiver em melhor forma, e vesti-lo com o uniforme da seleção, seja da cor que for.
Corinthians, Flamengo, Vasco, Palmeiras, Internacional, Atlético, São Paulo, Grêmio, Cruzeiro, até mesmo o São Caetano, se jogassem mil vezes contra a seleção de Honduras, ganhariam 995 vezes e empatariam umas cinco, se tanto. Não disponho de nenhuma bola de cristal para ver isso. Mas Romário, que entende do assunto, disse mais ou menos a mesma coisa.
Foi bom falar em bola de cristal. Temos pela frente a fase eliminatória da próxima Copa do Mundo. Pela primeira vez, sentimos a ameaça concreta da desclassificação.
Os problemas do nosso futebol, bichado pela cartolagem desenfreada, pelos patrocínios suspeitos, pelas mirabolantes vendas de craques ao estrangeiro, fatalmente teriam de dar na situação vexatória que atravessamos. Entre outras coisas, virou um caso de polícia.


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