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CARLOS HEITOR CONY
Bola de cristal
RIO DE JANEIRO - Cobram-me um comentário sobre a seleção nacional,
que nunca esteve tão por baixo, tão
no fundo do poço. Já comentei o assunto no programa que mantenho
com o Artur Xexéo na CBN. E repito
o que venho dizendo há bastante
tempo.
Não temos seleção. E pior do que
não termos seleção é não termos espírito de seleção, que antes era a alma e
o corpo do nosso futebol. A diáspora
dos nossos melhores jogadores é relativamente antiga, mas nunca nos faltaram os craques que colocavam a
camisa, fosse a branca, a amarela ou
a azul, acima de suas próprias carreiras.
O resultado é que não nos faltam
grandes jogadores, mas falta-nos
equipe, visto que a modalidade do futebol que praticamos é justamente isso, associação, conjunto.
Daí que minha sugestão, dada diversas vezes no programa da CBN, é
a de convocar um dos times brasileiros, aquele que estiver em melhor forma, e vesti-lo com o uniforme da seleção, seja da cor que for.
Corinthians, Flamengo, Vasco, Palmeiras, Internacional, Atlético, São
Paulo, Grêmio, Cruzeiro, até mesmo
o São Caetano, se jogassem mil vezes
contra a seleção de Honduras, ganhariam 995 vezes e empatariam
umas cinco, se tanto. Não disponho
de nenhuma bola de cristal para ver
isso. Mas Romário, que entende do
assunto, disse mais ou menos a mesma coisa.
Foi bom falar em bola de cristal. Temos pela frente a fase eliminatória
da próxima Copa do Mundo. Pela
primeira vez, sentimos a ameaça
concreta da desclassificação.
Os problemas do nosso futebol, bichado pela cartolagem desenfreada,
pelos patrocínios suspeitos, pelas mirabolantes vendas de craques ao estrangeiro, fatalmente teriam de dar
na situação vexatória que atravessamos. Entre outras coisas, virou um
caso de polícia.
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