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REBELIÃO NO EMBU
O problema da superlotação
de carceragens no Estado de
São Paulo cobrou um preço sangrento no final de semana. Uma rebelião
na delegacia de Embu, na Grande
São Paulo, no sábado, deixou um saldo de 11 pessoas mortas. Foi o mais
trágico desses acontecimentos em
delegacias desde 1989. Na carceragem do Embu, que foi projetada para
abrigar 24 detentos, havia 163.
O governo do Estado de São Paulo
tentou, nos últimos anos, combater
o problema da superlotação aumentando as vagas para detenção provisória -destinadas ao encarceramento de suspeitos que não estão
condenados. Mas, ao que parece, os
chamados CDPs não foram construídos em número suficiente para
descongestionar as delegacias. As
vagas adicionais não conseguiram
absorver o estoque de presos que já
existia somado às novas prisões.
Num modelo correto, um distrito
policial jamais se deveria confundir
com um depósito de presos. Quanto
menos a polícia tiver de se dedicar à
guarda de detentos, mais gente poderá direcionar para tarefas como investigação e execução de mandados.
Além disso, como as delegacias não
foram projetadas para servir à reclusão maciça de presos, são maiores as
chances de, nelas, se realizarem resgates de presos e fugas e/ou rebeliões, como foi o caso no Embu.
Mas o Estado de São Paulo, e o Brasil de um modo geral, só vai se aproximar desse modelo quando começar a implementar um projeto que
não se restrinja à construção de vagas
em cadeias. É preciso que a reclusão
seja utilizada apenas nos casos em
que o suspeito oferece riscos à sociedade; é preciso que o sistema judiciário processe e sentencie com maior
rapidez. Sem mobilizar também o
Poder Judiciário, o Legislativo e o Ministério Público, o problema crônico
da superlotação e do mau uso das cadeias permanecerá.
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