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ELIANE CANTANHÊDE
Voto a voto
BRASÍLIA - A onda Lula entrou na semana decisiva com vento a favor.
Apoios de última hora pingam daqui
e dali -de banqueiros, empresários,
peemedebistas e ciristas. Com reflexo,
provavelmente, no eleitor indeciso.
A intenção é fechar o cerco e a eleição já no primeiro turno, domingo, o
que continua sendo incerto. A campanha está tensa, cada um jogando
as suas cartadas finais e com atenção
máxima para o debate da Globo na
quinta-feira.
O esforço de Serra é para garantir o
segundo turno, o de Garotinho, para
tirar Serra da frente, e o de Ciro Gomes, para segurar os seus. Eles estão
em desabalada carreira rumo ao
eventual futuro governo do PT. Sobram Patrícia Pillar e Roberto Freire.
A onda Lula se reproduz também
nos Estados, como em São Paulo, onde os movimentos têm sido tão surpreendentes quanto na própria eleição presidencial. Quem diria que o
tucano Alckmin poderia chegar em
primeiro lugar ao segundo turno? E
que o petista Genoino poderia disputar com ele, ambos deixando o persistente Paulo Maluf comendo poeira?
A eleição presidencial tem, de fato,
chances de acabar já no domingo.
Mas, em caso contrário, o segundo
turno nacional e o segundo turno
paulista vão provocar uma guerra.
Lula competindo com Serra, e Genoino com Alckmin, é eleição para ninguém botar defeito. É tudo ou nada.
Às favas antigas identidades ideológicas e recentes conchavos contra
adversários comuns. Entre mortos e
feridos, não se salva ninguém para
tocar depois o sonho dourado da esquerda do PSDB e da ala moderada
do PT: um governo tucano com pitadas e apoios petistas ou o contrário.
As feridas não vão permitir.
Para compensar, o PT não está apenas pedindo e conquistando essa gente toda (empresários, banqueiros...)
apenas para ganhar a eleição, mas
para governar. Voltou a moda do
"pacto nacional" -com a versão
"Tancredo 2002". É cedo para dizer
se vai funcionar. Mas que a coisa está
feia e que o futuro presidente vai precisar, lá isso é verdade. E como!
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