São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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ELIANE CANTANHÊDE

Voto a voto

BRASÍLIA - A onda Lula entrou na semana decisiva com vento a favor. Apoios de última hora pingam daqui e dali -de banqueiros, empresários, peemedebistas e ciristas. Com reflexo, provavelmente, no eleitor indeciso.
A intenção é fechar o cerco e a eleição já no primeiro turno, domingo, o que continua sendo incerto. A campanha está tensa, cada um jogando as suas cartadas finais e com atenção máxima para o debate da Globo na quinta-feira.
O esforço de Serra é para garantir o segundo turno, o de Garotinho, para tirar Serra da frente, e o de Ciro Gomes, para segurar os seus. Eles estão em desabalada carreira rumo ao eventual futuro governo do PT. Sobram Patrícia Pillar e Roberto Freire.
A onda Lula se reproduz também nos Estados, como em São Paulo, onde os movimentos têm sido tão surpreendentes quanto na própria eleição presidencial. Quem diria que o tucano Alckmin poderia chegar em primeiro lugar ao segundo turno? E que o petista Genoino poderia disputar com ele, ambos deixando o persistente Paulo Maluf comendo poeira?
A eleição presidencial tem, de fato, chances de acabar já no domingo. Mas, em caso contrário, o segundo turno nacional e o segundo turno paulista vão provocar uma guerra. Lula competindo com Serra, e Genoino com Alckmin, é eleição para ninguém botar defeito. É tudo ou nada.
Às favas antigas identidades ideológicas e recentes conchavos contra adversários comuns. Entre mortos e feridos, não se salva ninguém para tocar depois o sonho dourado da esquerda do PSDB e da ala moderada do PT: um governo tucano com pitadas e apoios petistas ou o contrário. As feridas não vão permitir.
Para compensar, o PT não está apenas pedindo e conquistando essa gente toda (empresários, banqueiros...) apenas para ganhar a eleição, mas para governar. Voltou a moda do "pacto nacional" -com a versão "Tancredo 2002". É cedo para dizer se vai funcionar. Mas que a coisa está feia e que o futuro presidente vai precisar, lá isso é verdade. E como!



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