|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BARBÁRIE NO IRAQUE
Vários ataques terroristas fizeram ontem, no Iraque, ao menos 50 vítimas, entre as quais 35
crianças que disputavam guloseimas
distribuídas por militares americanos. São atos vis e injustificáveis.
Três carros-bomba que visavam a
atingir um comboio americano foram responsáveis pela maioria das
mortes, em Bagdá (capital). Outro
carro-bomba atingiu um posto de
controle dos EUA em Abu Ghraib,
local nas cercanias de Bagdá em que
se situa a prisão que foi palco de tortura de iraquianos cometida por
americanos. Um quinto veículo explodiu na cidade de Tal Afar (norte).
Aparentemente, o Tawhid e Jihad,
grupo liderado pelo terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi -o homem mais procurado pelos EUA no
Iraque-, assumiu a autoria dos ataques perpetrados em Abu Ghraib e
em Bagdá. O mesmo grupo terrorista foi responsável pela decapitação
de dois americanos no Iraque, ocorrida na semana passada.
O terrorismo é abjeto e inaceitável.
Nenhuma causa é justa o suficiente
para atribuir-se o direito de sacrificar
civis inocentes. É possível entender
que os insurgentes iraquianos lutam
contra a ocupação estrangeira. Buscar esse objetivo é razoável -até legítimo-, porém assassinar a esmo
constitui uma negação da civilidade e
o abandono absoluto da via política.
Independentemente da causa em
questão, além de dificultar sobremaneira negociações políticas, o terrorismo contribui para a militarização
das relações locais, regionais ou
transnacionais e para legitimar o belicismo, às vezes desenfreado, dos
Estados que buscam proteger-se.
Indubitavelmente, o terror apocalíptico -da Al Qaeda ou de grupos
que se identificam com seus objetivos- representa uma ameaça que
tem de ser enfrentada com vigor pela
comunidade internacional. Contudo
Washington, que protagoniza os esforços globais antiterror, escolheu
um caminho tortuoso para seguir,
sobretudo quando invadiu o Iraque
sem a anuência formal da ONU.
Texto Anterior: Editoriais: RATIFICAÇÃO RUSSA Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Distribuindo culpas Índice
|