São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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BARBÁRIE NO IRAQUE

Vários ataques terroristas fizeram ontem, no Iraque, ao menos 50 vítimas, entre as quais 35 crianças que disputavam guloseimas distribuídas por militares americanos. São atos vis e injustificáveis.
Três carros-bomba que visavam a atingir um comboio americano foram responsáveis pela maioria das mortes, em Bagdá (capital). Outro carro-bomba atingiu um posto de controle dos EUA em Abu Ghraib, local nas cercanias de Bagdá em que se situa a prisão que foi palco de tortura de iraquianos cometida por americanos. Um quinto veículo explodiu na cidade de Tal Afar (norte).
Aparentemente, o Tawhid e Jihad, grupo liderado pelo terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi -o homem mais procurado pelos EUA no Iraque-, assumiu a autoria dos ataques perpetrados em Abu Ghraib e em Bagdá. O mesmo grupo terrorista foi responsável pela decapitação de dois americanos no Iraque, ocorrida na semana passada.
O terrorismo é abjeto e inaceitável. Nenhuma causa é justa o suficiente para atribuir-se o direito de sacrificar civis inocentes. É possível entender que os insurgentes iraquianos lutam contra a ocupação estrangeira. Buscar esse objetivo é razoável -até legítimo-, porém assassinar a esmo constitui uma negação da civilidade e o abandono absoluto da via política.
Independentemente da causa em questão, além de dificultar sobremaneira negociações políticas, o terrorismo contribui para a militarização das relações locais, regionais ou transnacionais e para legitimar o belicismo, às vezes desenfreado, dos Estados que buscam proteger-se.
Indubitavelmente, o terror apocalíptico -da Al Qaeda ou de grupos que se identificam com seus objetivos- representa uma ameaça que tem de ser enfrentada com vigor pela comunidade internacional. Contudo Washington, que protagoniza os esforços globais antiterror, escolheu um caminho tortuoso para seguir, sobretudo quando invadiu o Iraque sem a anuência formal da ONU.


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