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ELIANE CANTANHÊDE
Pecados mortais e veniais
SÃO PAULO - O presidente da República afrontou a lei eleitoral ao fazer
campanha para sua candidata na
inauguração de uma obra pública.
Segundo o ministro da Justiça, foi só
um "pecado venial".
O presidente do TSE (principal tribunal eleitoral) desautorizou o sistema de eleições e contribuiu para a
descrença do eleitor ao dizer uma
verdade: que os financiamentos de
empresas a campanhas são "um investimento que se remunera à custa
de corrupção". Alguém aí discorda?
Um ex-governador e ex-prefeito,
Paulo Maluf, desacatou uma ordem
do TRE e espalhou cartazes por avenidas de São Paulo usando um deficiente físico para chamar um dos adversários de "caloteiro".
Um senador da República, Aloizio
Mercadante, driblou a decisão do
TRE e repetiu na internet tudo o que
tinha sido proibido de falar na TV sobre os adversários.
Os bancários grevistas fizeram ouvidos de mercador para o TST (Justiça do trabalho) e mantiveram o movimento do jeitinho que estava, mesmo depois de traçados limites legais
bem menores.
O MST agrediu o bom senso ao tentar invadir o Tribunal Regional Federal do Rio. E foi recebido a gás.
Maiores e menores atropelam qualquer sinal de civilidade, promovendo
arrastões e dando sopapos em banhistas à luz do dia no Rio. Ou melhor, sob o solão carioca, na praia e
diante de quem quiser ver.
E o pior de tudo: policiais militares
explodem as regras mais consagradas de direitos humanos no mundo,
executando a tiros cidadãos sob a
guarda do Estado, presos, desarmados e acuados. Depois, saem carregando tranqüilamente os corpos das
vítimas como se fossem trouxas.
Por que estou enumerando tudo isso hoje? Porque domingo é dia de
eleição. E, como o amor, a democracia também é linda. Bom voto!
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