São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Pecados mortais e veniais

SÃO PAULO - O presidente da República afrontou a lei eleitoral ao fazer campanha para sua candidata na inauguração de uma obra pública. Segundo o ministro da Justiça, foi só um "pecado venial".
O presidente do TSE (principal tribunal eleitoral) desautorizou o sistema de eleições e contribuiu para a descrença do eleitor ao dizer uma verdade: que os financiamentos de empresas a campanhas são "um investimento que se remunera à custa de corrupção". Alguém aí discorda?
Um ex-governador e ex-prefeito, Paulo Maluf, desacatou uma ordem do TRE e espalhou cartazes por avenidas de São Paulo usando um deficiente físico para chamar um dos adversários de "caloteiro".
Um senador da República, Aloizio Mercadante, driblou a decisão do TRE e repetiu na internet tudo o que tinha sido proibido de falar na TV sobre os adversários.
Os bancários grevistas fizeram ouvidos de mercador para o TST (Justiça do trabalho) e mantiveram o movimento do jeitinho que estava, mesmo depois de traçados limites legais bem menores.
O MST agrediu o bom senso ao tentar invadir o Tribunal Regional Federal do Rio. E foi recebido a gás.
Maiores e menores atropelam qualquer sinal de civilidade, promovendo arrastões e dando sopapos em banhistas à luz do dia no Rio. Ou melhor, sob o solão carioca, na praia e diante de quem quiser ver.
E o pior de tudo: policiais militares explodem as regras mais consagradas de direitos humanos no mundo, executando a tiros cidadãos sob a guarda do Estado, presos, desarmados e acuados. Depois, saem carregando tranqüilamente os corpos das vítimas como se fossem trouxas.
Por que estou enumerando tudo isso hoje? Porque domingo é dia de eleição. E, como o amor, a democracia também é linda. Bom voto!


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