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DESUNIÃO NACIONAL
O rompimento do governo de
união nacional em Israel recoloca, pelo menos momentaneamente, as coisas em seu devido lugar na
política israelense. Os trabalhistas,
que agora deixam o governo, são a
principal força de centro-esquerda
do país. São adversários tradicionais
do Likud, o principal partido de direita, liderado pelo primeiro-ministro Ariel Sharon. Embora a coalizão
que reuniu as duas principais forças
políticas de Israel não seja inédita, ela
está longe de ser a regra.
Sharon tem agora duas opções. Ou
forma um governo com partidos religiosos de extrema direita, ou convoca eleições antecipadas. Na primeira
hipótese, que deve ser pelo menos
tentada pelo premiê, haveria uma situação estranha, em que Ariel Sharon, sempre visto como um linha-dura, representaria a ala mais moderada do governo. Na outra, que é a
mais provável, o novo pleito ocorreria em quatro ou cinco meses.
Seja como for, os trabalhistas, a
partir de agora, deverão fazer oposição à administração Sharon. É uma
tentativa, para muitos tardia, de recuperar a identidade perdida. Durante
os 20 meses em que durou a coalizão
com o Likud, os trabalhistas como
que legitimaram as ações mais duras
do governo contra os palestinos. O
líder dos trabalhistas, Binyamin Ben
Eliezer, que ocupava a pasta da Defesa, vinha sendo criticado no partido
por ficar ao lado de Sharon. Em meados deste mês, os trabalhistas poderão eleger uma nova liderança.
No Likud, Sharon também enfrenta problemas. O ex-premiê Binyamin
Netanyahu poderá desafiar sua liderança para tentar retomar o posto.
Pesquisas põem o Likud à frente dos
trabalhistas em intenções de voto.
Em relação às perspectivas de paz,
o pior que pode acontecer é a manutenção de um governo muito à direita
que se recuse a negociar com os palestinos. Havendo eleições, a possibilidade de retomada das conversações fica adiada para depois do pleito, mas, pelo menos, a chance de negociação não é descartada.
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