São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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DESUNIÃO NACIONAL

O rompimento do governo de união nacional em Israel recoloca, pelo menos momentaneamente, as coisas em seu devido lugar na política israelense. Os trabalhistas, que agora deixam o governo, são a principal força de centro-esquerda do país. São adversários tradicionais do Likud, o principal partido de direita, liderado pelo primeiro-ministro Ariel Sharon. Embora a coalizão que reuniu as duas principais forças políticas de Israel não seja inédita, ela está longe de ser a regra.
Sharon tem agora duas opções. Ou forma um governo com partidos religiosos de extrema direita, ou convoca eleições antecipadas. Na primeira hipótese, que deve ser pelo menos tentada pelo premiê, haveria uma situação estranha, em que Ariel Sharon, sempre visto como um linha-dura, representaria a ala mais moderada do governo. Na outra, que é a mais provável, o novo pleito ocorreria em quatro ou cinco meses.
Seja como for, os trabalhistas, a partir de agora, deverão fazer oposição à administração Sharon. É uma tentativa, para muitos tardia, de recuperar a identidade perdida. Durante os 20 meses em que durou a coalizão com o Likud, os trabalhistas como que legitimaram as ações mais duras do governo contra os palestinos. O líder dos trabalhistas, Binyamin Ben Eliezer, que ocupava a pasta da Defesa, vinha sendo criticado no partido por ficar ao lado de Sharon. Em meados deste mês, os trabalhistas poderão eleger uma nova liderança.
No Likud, Sharon também enfrenta problemas. O ex-premiê Binyamin Netanyahu poderá desafiar sua liderança para tentar retomar o posto. Pesquisas põem o Likud à frente dos trabalhistas em intenções de voto.
Em relação às perspectivas de paz, o pior que pode acontecer é a manutenção de um governo muito à direita que se recuse a negociar com os palestinos. Havendo eleições, a possibilidade de retomada das conversações fica adiada para depois do pleito, mas, pelo menos, a chance de negociação não é descartada.


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