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ELIANE CANTANHÊDE
O filé para Lula, o osso para o PT
BRASÍLIA - O PSDB e o PFL de FHC defendem ardorosamente que o mínimo vá a R$ 240 em 2003. O PT e
provavelmente o PL de Lula reagem
dizendo que assim não dá, porque o
impacto seria de nada modestos R$
153 milhões na Previdência Social e
de R$ 30 milhões em seguro-desemprego e que tais.
Quem te viu, quem te vê.
O PSDB e o PFL querem porque
querem reduzir as alíquotas de
27,5% do Imposto de Renda e a de
9% da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido). O PT não quer
nem ouvir falar nisso. E os R$ 15 bilhões de receita, como cobrir?
Quem te viu, quem te vê.
O PSDB e o PFL, que incharam a
partir de 94, estão na bica de perder
parlamentares. O PT, que elegeu a
maior bancada da Câmara, 91 deputados, já fala em romper a barreira
dos cem. E o PL está de braços abertos
a políticos de "direita" sem cacife
(nem moral) para se filiar ao PT.
Quem te viu, quem te vê.
Em resumo, o PSDB e o PFL se esforçam para passar de vidraça a estilingue, e o PT começa a aprender o
contrário. Não é mole.
Enquanto isso, Lula sai por aí em
ritmo de Cesar Maia: é fotografado
aparando a barba, empurrando cadeira de rodas, carregando bebezinhos, abraçando eleitoras, driblando
jornalistas. No meio tempo, entrevistas à TV Globo e ao "Cidade Alerta",
do Datena (Rede Record, da Universal).
Conclui-se: o PT vai roer o osso, enquanto Lula se esbalda com o filé.
Um cai na vida real das negociações e
provocações do Congresso. O outro se
dedica ao contato direto com "o povo" para se fortalecer politicamente e
suportar mais adiante o tranco das
pressões políticas e a dureza (em duplo sentido) da economia.
Resumindo, a ordem é jogar o partido às feras e preservar o principal: o
mito Lula. Até quando funciona é
outra história.
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