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CARLOS HEITOR CONY
O ouro de Moscou
RIO DE JANEIRO - Em princípio, demonizar pessoas e instituições, além
de banalidade, é uma burrice. Mesmo assim, há casos em que, circunstancialmente, determinada pessoa
ou instituição encarna o mal, não o
mal absoluto, que não deve existir,
mas o mal relativo, localizado, temporário, datado. Já disseram, por
exemplo, que o próprio Demônio, no
fundo, é um bom sujeito, porque
acredita na sua capacidade de tornar
o homem pior.
Um dos casos em que o mal pode
ser atribuído a um alvo específico é o
FMI. E quem diz isso, agora, e disse
sempre, são petistas históricos, que
gastaram tempo e massa cerebral
condenando a submissão da economia nacional aos preceitos e conceitos de uma entidade que, sendo necessária em alguns casos, é maléfica
(e bota maléfica nisso) para países
em estágio de desenvolvimento, como o Brasil.
Durante anos, as restrições feitas ao
FMI pareciam coisa de comunistas
lubrificados pelo ouro de Moscou. De
certa forma, fazia parte da Guerra
Fria entre os dois blocos que dominavam a cena internacional. Aquela
instituição, nascida, senão me engano, em Bretton Woods, pouco antes
do término da Segunda Guerra Mundial, destinava-se a manter o bloco
capitalista amarrado a uma política
econômica que impediria países então ditos subdesenvolvidos de tornarem-se independentes das decisões da
matriz que zelaria pelo chamado
"mundo livre".
Os mais otimistas pensavam que,
com o desmoronamento do bloco dito socialista, o patrulhamento da economia dos países emergentes seria
abolido ou atenuado. Ledo e ivo engano! As recentes manifestações de
intelectuais petistas, mesmo sem a
ajuda do ouro de Moscou, insistem
na mesma tecla. Agradando ao FMI,
o Brasil continuará desagradando a
seu povo e desagradando a si mesmo
como nação.
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