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PERIGO À VISTA
Os EUA , que foram o berço das
liberdades individuais, poderão, no afã de combater o terrorismo, tornar-se uma sociedade policialesca que pouco ficaria a dever às
antigas União Soviética e Alemanha
Oriental, onde as temidas KGB e Stasi controlavam a vida de todos. O Departamento de Defesa dos EUA está
desenvolvendo o programa TIA (Conhecimento Total das Informações),
que já despertou a ira de organizações de defesa dos direitos civis.
O objetivo do TIA é rastrear movimentações de todos os cidadãos e de
estrangeiros para tentar identificar
"ameaças terroristas". Para isso, deverá criar um megabanco de dados
com informações relativas a gastos
com cartões de crédito, compras em
supermercados, livros retirados em
bibliotecas públicas etc.
É duvidoso que um tal sistema seja
de fato capaz de prevenir ataques terroristas. Vale lembrar que tanto a
CIA, o serviço secreto externo, quanto o FBI, a polícia federal dos EUA,
identificaram movimentações duvidosas nos dias que antecederam o 11
de setembro, mas não foram capazes
de converter os indícios de que dispunham numa suspeita fundamentada que merecesse investigação.
Não há nenhuma dúvida, porém,
de que um sistema como o TIA representaria um duro golpe contra as
liberdades individuais. As pessoas,
cidadãos ou não, seriam continuamente monitoradas por programas
de computador. Agentes do governo
teriam na prática acesso até mesmo
aos gostos pessoais de cada indivíduo, as páginas que acessa na internet, a marca de suco de laranja que
bebe ou os motéis que frequenta.
E a história é pródiga em exemplos
de Estados que, por excesso de controles policiais, degeneraram em algumas das piores tiranias que a humanidade já conheceu. Um dos alertas lançados contra essa situação é de
Benjamin Franklin, patriarca dos
EUA: "Quem joga fora a liberdade
essencial para obter uma pequena
segurança não merece nem liberdade nem segurança".
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