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CLÓVIS ROSSI
Gastava bem a ex-ministra
LIUBLIANA - Todas as personagens do governo Lula envolvidas
em escândalos, hoje como ontem,
fogem para a frente. Ou não admitem o erro (caso dos mensaleiros,
por exemplo), ou o atribuem a terceiros, como é o caso, agora, de Matilde Ribeiro, exonerada ontem da
Secretaria Especial de Promoção da
Igualdade Racial.
Diz ela que foi "induzida a erro".
Como assim, cara-pálida? Será que
algum assessor apontou um revólver para a então ministra e obrigou-a a utilizar o cartão de crédito corporativo de forma indevida?
Não é fácil gastar R$ 171 mil em
um ano com alimentação e aluguel
de veículos, como alega Ribeiro. Dá
algo em torno de R$ 14 mil por mês.
Alimenta-se bem a nossa ex-ministra, não? Ou roda bastante com carro alugado. Ou faz as duas coisas ao
mesmo tempo.
Posso dar testemunho pessoal de
que R$ 14 mil por mês é muito, porque uso meu cartão pessoal de crédito para despesas que a Folha custeia quando estou viajando (hotel,
alimentação, eventualmente aluguel de carro, passagens de trem ou
de avião e assim vai). E minhas viagens são ao exterior, com custos,
portanto, mais elevados.
Nunca cheguei perto de gastar
R$ 14 mil nem mesmo somando
despesas de três meses seguidos.
Repito: gasto muito em hotéis, coisa que a ex-ministra não mencionou entre os gastos indevidos.
Exemplo concreto: na cobertura
do Fórum de Davos, na semana
passada, gastei em alimentação o
equivalente a R$ 775. Assim mesmo, pagando muito caro por dois
almoços de trabalho, organizados
pelo próprio Fórum a preço salgadíssimo (R$ 145 cada um).
Por fim, Matilde Ribeiro insinuou ter sido vítima de preconceito. Pode ser, mas não de raça. Preconceito por uma servidora pública
graduada abusar dos privilégios de
que gozam funcionários públicos
graduados, inacessíveis a mortais
não-funcionários nem graduados.
crossi@uol.com.br
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