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CARLOS HEITOR CONY
Na zona do agrião
RIO DE JANEIRO - Qualquer que seja
o desdobramento da guerra no Iraque, o seu desfecho parece definido: o
mais forte vencerá o mais fraco -e
até aí morreu Neves.
Mas desde já podemos chegar a algumas constatações que não podem
ser desmentidas nem pelo presidente
Bush nem pelos seus assessores mais
próximos.
Se é inquestionável a supremacia
tecnológica dos Estados Unidos, fruto
dos recursos de inteligência e criatividade de alguns dos melhores talentos
da indústria e da técnica de todo o
mundo, atraídos pela estrutura econômica da hegemonia norte-americana, o elemento humano, em si, é
confuso e ingênuo, ou ingenuamente
confuso.
Já se sabe que a ordem para iniciar
os bombardeios sobre Bagdá, uma
hora e 15 minutos após o prazo dado
a Saddam para abandonar o governo e o país, foi monitorada pela CIA,
que, infiltrada em diversos escalões
da Guarda Nacional, a tropa mais
fiel ao ditador, garantia que o primeiro tiro acabaria com o problema.
Saddam não escaparia com vida.
Nas primeiras horas do conflito,
aliás, divulgou-se a notícia de que ele
estaria morto, que um sósia aparecia
na TV iraquiana por ele e que fora
visto na maca de uma ambulância
em estado terminal.
Durante todo o primeiro dia do
conflito, a tônica dos pronunciamentos do Departamento de Estado, do
Pentágono e da Casa Branca era propositadamente evasiva, na base do
"não se sabe ainda se o ditador está
morto".
Tal era a certeza na logística do primeiro disparo, tecnologicamente possível, sem dúvida. Além disso, os Estados Unidos foram obrigados, uma
semana depois, a enviar mais 100 mil
soldados para o Iraque e a solicitar
novos créditos ao Congresso para pagar a fatura que aumenta a cada dia.
Em tempo: grande parte dos soldados norte-americanos que estão na
zona do agrião são de origem latina.
Estão pagando com a vida o "green
card" penosamente obtido.
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