UOL




São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Aids
"Causou-me estranheza o título e o tom do artigo "Saúde pública vira pós-moderno" (Brasil, pág. A13, 30/ 3), de Josias de Souza, em que ele afirma que o Sistema Único de Saúde pratica tortura em pacientes com Aids ao recorrer de ações na Justiça para evitar a prescrição de remédios que não constam do consenso do Ministério da Saúde. Existem 125 mil pessoas recebendo tratamento contra a Aids no Brasil e, dessas, menos de 10 mil começam a apresentar resistência à terapia tríplice que adotamos. Todos esses pacientes já estão recebendo um medicamento novo, chamado Kaletra, que é um remédio que resgata o paciente das respostas ineficazes de outros anti-retrovirais. Em outubro de 2001, foi lançado nos EUA o Tenofovir, que tem a mesma função do Kaletra e deve ser administrado em combinação com outros dois medicamentos (formando o coquetel). Infelizmente essa droga ainda não é comercializada no Brasil, pois o fabricante só fez o pedido de registro na Anvisa em novembro de 2002 e sem cumprir todas as exigências. Assim, o governo não tem como comprar o produto. A Aids ainda é uma doença sem cura e, embora novos medicamentos possam trazer mais esperança, há muita precipitação em torno desses lançamentos. Nenhum deles até o momento funciona sozinho. Combiná-los com as drogas existentes sem uma rigorosa avaliação do quadro clínico do paciente pode trazer mais complicações do que benefícios, podendo até mesmo provocar uma resistência maior do vírus. Ao recorrer de ações civis públicas que querem forçar a Coordenação Nacional de DST/Aids a disponibilizar a todos os pacientes com Aids esse novo medicamento, o Ministério da Saúde não está pensando nos gastos que isso acarretaria. Está protegendo a vida desses pacientes e trazendo a discussão do problema de volta para o campo médico. Se a medicina ainda não descobriu a cura da Aids, não é a Justiça quem vai fazê-lo. A Coordenação Nacional de DST/Aids recomenda aos médicos que evitem receitar remédios que ainda não entraram no Consenso Terapêutico Anti-Retroviral, explorando as inúmeras combinações existentes antes de infligir ao paciente uma angústia maior do que a que ele já sofre na luta contra o HIV. Apenas uma perícia médica baseada em exames de carga viral, de CD4 e de genotipagem -que a rede pública disponibiliza a todos os pacientes- pode indicar com precisão qual o medicamento a ser usado. Se essas recomendações fossem adotadas, a Justiça não precisaria ser acionada."
Paulo Roberto Teixeira , coordenador do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde (Brasília, DF)


Guerra
"Brilhante o artigo de Jurandir Freire Costa sobre a invasão do Iraque ("A fúria de um mundo agonizante", Mundo, pág. A22, 1º/4). Uma análise importantíssima que eu ainda não havia visto na imprensa: a guerra sob o prisma do colapso da sociedade moderna. Parabéns ao autor e à Folha."
Marcos Brogna (Americana, SP)

 

"Gostaria de protestar contra o uso da vinheta "Ataque do império" pela Folha. Todo dia, essa vinheta é publicada em vários lugares, até mesmo no alto da Primeira Página. O uso da palavra "império" é uma opinião e, claro, não um fato. A palavra só serve para influenciar o leitor. O uso dessa palavra prejudica as reportagens, que eu acho que são, em geral, balanceadas e justas."
Andrew Peterson (Cuiabá, MT)

 

"Quero felicitar a Folha pela vinheta "Ataque do império". Muita verdade traz esse destaque. E, a meu ver, é o melhor destaque dos jornais de todo o mundo."
Roberto Margaria (Buenos Aires, Argentina)


Anvisa
"É improcedente a informação contida na nota "Perigo no ar" ("Painel", Brasil, pág. A4, 1º/4). Diferentemente do que informou a nota -e de acordo com o que o jornal trouxe no mesmo dia sob o título "Hong Kong coloca prédio em quarentena" (Ciência, pág. A11)-, a Anvisa está seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e instruindo os passageiros de vôos provenientes das regiões infectadas com sintomas da doença a se apresentarem imediatamente aos agentes de saúde locais ainda no aeroporto. Além disso, as medidas de prevenção estão cobertas pelo decreto nº 1.413, de 7/3/95, que determina que, sempre que algum passageiro apresentar durante viagem sintoma de qualquer doença, os comandantes de aeronaves devem comunicar o fato à autoridade sanitária com antecedência."
Luis Carlos Wanderley Lima, diretor da Anvisa (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Rogério Gentile, editor do "Painel" - O presidente da Infraero, Carlos Wilson, afirmou à Folha que não havia determinação do Ministério da Saúde para modificar os procedimentos nos aeroportos devido à "pneumonia misteriosa". A informação foi confirmada pelas assessorias da Funasa e da Anvisa. As medidas citadas pelo missivista são de praxe, não obedecendo às especificidades dessa doença, cujos sintomas podem manifestar-se em até dez dias.


Invasão ansiada
"Segundo o Pró-Aim -Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade no Município de São Paulo-, no ano de 2002 houve 330 homicídios no distrito de Grajaú, 231 no Jardim Ângela, 220 no Jardim São Luiz e 203 no Capão Redondo. Na zona sul, foram 2.130 homicídios. Queiramos ou não reconhecer tal fato, isso é uma guerra -em uma região que não sente a presença do Estado. Nós, moradores dessa região, esperamos ansiosamente pela invasão do Estado com suas armas de investimentos sociais, principalmente em políticas públicas para a juventude nas áreas de esportes, de cultura, de lazer e de educação e na geração de empregos tanto para esses jovens como para seus pais."
Luiz Carlos dos Santos, coordenador do Movimento Tome Uma Atitude Zona Sul Pela Não-Violência (São Paulo, SP)

Globo
"Em relação à reportagem "Globo quer reduzir crises entre diretores e equipes" (TV Folha, pág. 5, 30/3), gostaria de esclarecer que, conforme foi dito ao editor do suplemento, não existe nenhum serviço na emissora dedicado ao atendimento de queixas contra superiores. Desde 1993, a emissora desenvolve um programa de gestão participativa (PGP) que inclui um processo de ampla comunicação com seus funcionários. Mas é fantasiosa a existência de um ramal telefônico destinado exclusivamente a esse tipo de problema. É lamentável verificar que, mais uma vez, o suplemento distorce a realidade na tentativa de sustentar uma tese inverossímil. Neste caso, fica tão evidente a manipulação de dados para fazer valer a versão do jornal que, entre os diretores que teriam atrito com o elenco, é citado Daniel Filho, que não dirige uma novela desde 1999 ("Suave Veneno')."
Luis Erlanger, Central Globo de Comunicação (Rio de Janeiro, RJ)

Resposta de Marcelo Migliaccio, editor do TV Folha - A reportagem em nenhum momento afirmou que um ramal é destinado "exclusivamente" a denúncias, mas, sim, que o Departamento de Recursos Humanos da emissora recolhe e encaminha esse tipo de reclamação, conforme informação da própria Central Globo de Comunicação.


Texto Anterior: Caetano Lagrasta: Os que vão morrer

Próximo Texto: Erramos
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.