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OLHAR PARA A FRENTE
O governo tem dirigido apelos aos agentes econômicos
para que olhem para a frente, considerando que o forte ajuste realizado
em 2003 já é coisa do passado. Em
apresentação no Congresso Nacional, nesta semana, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, procurou demonstrar que os objetivos propostos para o ano passado teriam sido atingidos com danos colaterais
menores do que os verificados em
outros países que passaram por crises. Todavia, não há como fugir aos
impactantes números divulgados
pelo IBGE sobre o desempenho da
economia em 2003, notadamente os
relativos ao mercado interno.
O panorama é desolador: em 2003
os brasileiros consumiram R$ 25,8
bilhões a menos do que em 2002. A
queda, de 3,3%, foi a maior registrada desde 1990. A retração do PIB per
capita foi de 1,5%. Traduzido em dólar, o valor do PIB do ano passado
(US$ 459 bilhões) levou o Brasil da
12ª para a 15ª posição no ranking
mundial das economias.
Não há dúvida que houve êxito no
combate à inflação, no controle da
cotação do dólar e na redução do risco-país. Para isso não deixou de contribuir uma conjuntura internacional
favorável, com elevada liquidez e fluxos de capitais em busca de ganhos
nos mercados emergentes. O custo,
porém, para alcançar esses objetivos
foi alto -mais ainda se ao recuo do
consumo e do PIB forem acrescentados os dados de desemprego.
Embora os sinais sejam de uma tímida retomada, o país ainda não
conseguiu se libertar do quadro de
restrições imposto pela política econômica. As taxas de juros, mesmo
tendo declinado, permanecem em
patamar muito elevado, o mercado
de trabalho continua frágil e o consumo, hesitante. Ao olhar para a frente,
como deseja o governo, setor produtivo e consumidores ainda vêem
muitas incertezas no horizonte.
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