São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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OLHAR PARA A FRENTE

O governo tem dirigido apelos aos agentes econômicos para que olhem para a frente, considerando que o forte ajuste realizado em 2003 já é coisa do passado. Em apresentação no Congresso Nacional, nesta semana, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, procurou demonstrar que os objetivos propostos para o ano passado teriam sido atingidos com danos colaterais menores do que os verificados em outros países que passaram por crises. Todavia, não há como fugir aos impactantes números divulgados pelo IBGE sobre o desempenho da economia em 2003, notadamente os relativos ao mercado interno.
O panorama é desolador: em 2003 os brasileiros consumiram R$ 25,8 bilhões a menos do que em 2002. A queda, de 3,3%, foi a maior registrada desde 1990. A retração do PIB per capita foi de 1,5%. Traduzido em dólar, o valor do PIB do ano passado (US$ 459 bilhões) levou o Brasil da 12ª para a 15ª posição no ranking mundial das economias.
Não há dúvida que houve êxito no combate à inflação, no controle da cotação do dólar e na redução do risco-país. Para isso não deixou de contribuir uma conjuntura internacional favorável, com elevada liquidez e fluxos de capitais em busca de ganhos nos mercados emergentes. O custo, porém, para alcançar esses objetivos foi alto -mais ainda se ao recuo do consumo e do PIB forem acrescentados os dados de desemprego.
Embora os sinais sejam de uma tímida retomada, o país ainda não conseguiu se libertar do quadro de restrições imposto pela política econômica. As taxas de juros, mesmo tendo declinado, permanecem em patamar muito elevado, o mercado de trabalho continua frágil e o consumo, hesitante. Ao olhar para a frente, como deseja o governo, setor produtivo e consumidores ainda vêem muitas incertezas no horizonte.


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