São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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RESULTADOS TÍMIDOS

Não é nada animador o diagnóstico feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU) acerca dos resultados obtidos até agora pelo programa De Volta pra Casa, do governo federal. A meta do programa é retirar dos hospitais pacientes que estejam internados há mais de dois anos, sem interrupção.
Para que os doentes tenham condições de voltar a viver com suas famílias, eles recebem uma ajuda de custo de R$ 240 mensais. Há no Brasil cerca de 20 mil doentes mentais internados em clínicas e outras instituições.
A idéia da desospitalização dos doentes está em sintonia com as concepções mais modernas do exercício da clínica psiquiátrica e tem a seu favor o fato de que já há drogas que permitem que a maioria dos pacientes psiquiátricos receba tratamento ambulatorial -sem a necessidade de reclusão, a não ser durante crises. Há também a vantagem de tratamentos como esses serem menos custosos para o Estado.
O estudo do TCU, todavia, mostra que o De Volta para Casa avançará a passo de "tartaruga", caso não seja acompanhado por mais investimentos em estruturas capazes de oferecer alternativas à internação hospitalar. Faltam, sobretudo, mais centros de atendimento psicossocial (CAPs), onde pacientes possam ser monitorados, e de serviços residenciais terapêuticos, espécie de moradia coletiva para abrigar pacientes sem vínculo familiar. É preciso também pensar a distribuição desses serviços pelo país, já que a maior parcela deles está instalada na região Sudeste.
O resultado dessa carência é que, de acordo com o estudo do TCU que usou dados de 2004, apenas 800 pacientes foram contemplados pelo programa. Segundo o ministério, dados mais atualizados elevam a cifra para 1.263 atendidos -número ainda muito distante dos 11 mil beneficiários em potencial.


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