São Paulo, sábado, 02 de setembro de 2000


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CLÓVIS ROSSI

Vietnã? Não, El Salvador

SÃO PAULO - Não faz sentido comparar a ação norte-americana na Colômbia com o que ocorreu no Vietnã. No Vietnã, os EUA utilizaram tropas em quantidade, pagaram alto custo em vidas (mais dos nativos do que deles próprios, é verdade) e aprenderam a lição.
De lá para cá, têm evitado ao máximo colocar em risco seus rapazes. Preferem ganhar as guerras sem lutar no solo ou só alocando tropas quando a limpeza já foi feita de longe (casos do Iraque e de Kosovo).
A comparação cabível, no caso colombiano, é com El Salvador, nos anos 80. Lá, os Estados Unidos, como vão fazer na Colômbia, não forneceram tropas, mas ajuda econômica, assessores militares, equipamento e informações da inteligência.
Que lições podem ser aproveitadas do que ocorreu em El Salvador?
1 - Não houve "transbordamento" maior do conflito pela simples e boa razão de que ele já estava regionalizado antes mesmo de se intensificar a intervenção norte-americana. De todo modo, aumentou exponencialmente o número de "desplazados".
Na Colômbia, já há o drama dos "desplazados", que tende a aumentar. Mas é pouco provável que eles busquem em massa refúgio no Brasil.
2 - Não houve vitória militar, mas um empate entre a guerrilha e as forças governamentais, no terreno de combate. Depois, a direita ganhou a guerra política, principalmente porque o fim do comunismo deixou ideologicamente órfãos os esquerdistas salvadorenhos.
É razoável supor que, na Colômbia, o empate militar durará muitos anos, até porque o "Plano Colômbia" é, oficialmente, contra o narcotráfico, e não contra a guerrilha. Logo, será preciso certo cuidado quando as ações forem contra as Farc ou o ELN.
Para o Brasil, é importante lembrar que o conflito centro-americano causou problemas para todos os países da área, mesmo os não-envolvidos. Logo, uma situação de guerra prolongada na fronteira é tudo o que o país dispensa. Mas não tem meios para evitá-la nem quer interferir.


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