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CLÓVIS ROSSI
Vietnã? Não, El Salvador
SÃO PAULO - Não faz sentido comparar a ação norte-americana na
Colômbia com o que ocorreu no Vietnã. No Vietnã, os EUA utilizaram
tropas em quantidade, pagaram alto
custo em vidas (mais dos nativos do
que deles próprios, é verdade) e
aprenderam a lição.
De lá para cá, têm evitado ao máximo colocar em risco seus rapazes.
Preferem ganhar as guerras sem lutar no solo ou só alocando tropas
quando a limpeza já foi feita de longe
(casos do Iraque e de Kosovo).
A comparação cabível, no caso colombiano, é com El Salvador, nos
anos 80. Lá, os Estados Unidos, como
vão fazer na Colômbia, não forneceram tropas, mas ajuda econômica,
assessores militares, equipamento e
informações da inteligência.
Que lições podem ser aproveitadas
do que ocorreu em El Salvador?
1 - Não houve "transbordamento"
maior do conflito pela simples e boa
razão de que ele já estava regionalizado antes mesmo de se intensificar a
intervenção norte-americana. De todo modo, aumentou exponencialmente o número de "desplazados".
Na Colômbia, já há o drama dos
"desplazados", que tende a aumentar. Mas é pouco provável que eles
busquem em massa refúgio no Brasil.
2 - Não houve vitória militar, mas
um empate entre a guerrilha e as forças governamentais, no terreno de
combate. Depois, a direita ganhou a
guerra política, principalmente porque o fim do comunismo deixou
ideologicamente órfãos os esquerdistas salvadorenhos.
É razoável supor que, na Colômbia,
o empate militar durará muitos
anos, até porque o "Plano Colômbia"
é, oficialmente, contra o narcotráfico,
e não contra a guerrilha. Logo, será
preciso certo cuidado quando as
ações forem contra as Farc ou o ELN.
Para o Brasil, é importante lembrar
que o conflito centro-americano causou problemas para todos os países
da área, mesmo os não-envolvidos.
Logo, uma situação de guerra prolongada na fronteira é tudo o que o
país dispensa. Mas não tem meios
para evitá-la nem quer interferir.
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