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O FLAGELO DO TERROR
Esta tem sido uma semana
sombria para o mundo civilizado. O terrorismo voltou a promover
ataques em série, com sua habitual
selvageria, deixando um rastro de
sangue e indignação.
Inicialmente foi a confirmação de
que os dois Tupolev que haviam caído na Rússia, matando 90 pessoas,
foram derrubados por terroristas
suicidas tchetchenos. A seguir, uma
mulher-bomba explodiu-se em Moscou, matando ao menos 10 e ferindo
mais de 50 pessoas. Ontem, um grupo, também da Tchetchênia, tomou
uma escola na Ossétia do Norte, fazendo entre 120 e 400 reféns -a
maioria crianças-, os quais ameaça
assassinar caso a Rússia não liberte
prisioneiros e não retire suas forças
da república separatista.
No Iraque, extremistas anunciaram ter matado 12 trabalhadores nepaleses. Dois jornalistas franceses
foram seqüestrados e suas vidas são
oferecidas em troca da revogação da
lei que bane o uso de véus islâmicos
nas escolas públicas da França. Em
Israel, um duplo ataque eliminou pelo menos 16 pessoas e feriu cerca de
cem -e a retaliação certamente virá.
O terrorismo é odioso e injustificável. Nenhuma causa é justa o bastante para arrogar-se o direito de sacrificar vidas inocentes. Não é difícil reconhecer que os tchetchenos devam
ter direito à autodeterminação, que a
invasão do Iraque foi um erro e que
os palestinos fazem jus a um Estado.
Lutar por esses objetivos é legítimo,
mas ameaçar, explodir, assassinar e
decapitar a esmo é a negação mesma
da civilidade e a renúncia à política.
A guerra ao terror deflagrada pelos
Estados Unidos já demonstrou os
seus limites. Países que se propõem a
combater o terrorismo precisam investir mais em segurança e inteligência, mas não podem incorrer no erro
que é negar as causas políticas do fenômeno. Tudo indica que não haverá segurança na Rússia, no Iraque,
em Israel e no mundo enquanto os
problemas tchetcheno, da soberania
iraquiana e do Estado palestino não
forem equacionados.
O mais inquietante, no entanto, é
que, mesmo em caso de progressos
na pacificação dessas regiões, nada
assegura, num cenário internacional
marcado por desequilíbrios e assimetrias, que novas reivindicações
não surgirão em cena, dando prosseguimento à infame estratégia terrorista. O terror parece ser um desses
flagelos que ainda poderá assombrar
a humanidade por longo tempo, como a lembrá-la do quanto ainda resta a trilhar no caminho da convivência racional e civilizada.
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