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APOIO ANTI-REPUBLICANO
O público do horário eleitoral
gratuito teve recentemente a
oportunidade de assistir em São Paulo a um espetáculo lastimável. Diante
da afirmação da prefeita petista Marta Suplicy de que tem administrado a
cidade em parceria como o governo
estadual, o governador Geraldo
Alckmin declarou que "quem trabalha comigo é o Serra", como se sabe,
o candidato de seu partido, o PSDB.
A resposta veio sob a forma de
ameaça velada proferida por Aloizio
Mercadante, líder do PT no Senado.
Ele lembrou os paulistanos da situação de endividamento do município
e de sua dependência em relação a
verbas federais. Deu a entender que
somente com Marta na prefeitura seria possível o desejável entendimento
entre a cidade e governo federal.
Ao que tudo indica, Alckmin e Mercadante esqueceram-se de que, numa democracia, a cooperação e a
coordenação dos poderes municipal,
estadual e federal não devem se subordinar a interesses particulares ou
partidários. Não é demais lembrar
que um dos fundamentos do regime
republicano reside no fato de que nele o exercício do poder deve submeter-se a regras impessoais com vistas
ao bem público, não podendo constituir-se em instrumento de barganhas e chantagens.
É verdade que não se pode negar a
ambos o direito de manifestar apoio
a seus respectivos candidatos. Tampouco deve-se desconsiderar que as
declarações ocorreram em meio a
um acirrado embate eleitoral. Nem
por isso, contudo, é admissível que
em seus arroubos retóricos e propagandísticos políticos contrariem tão
flagrantemente os princípios mais
elementares da República.
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