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ELIANE CANTANHÊDE
Tudo a seu tempo
BRASÍLIA - O Brasil parece, enfim, ter retomado o rumo de crescimento,
registrando um aumento do PIB de
4,2% no primeiro semestre em relação ao de 2003. Isso significa aquecimento da produção industrial, das
vendas do comércio, dos empregos e...
das expectativas eleitorais do PT.
Aproveitando a boa onda na economia, Lula pretende surfar na onda
política. Na próxima quinta-feira, já
vai fazer festinha para os atletas da
Olimpíada de Atenas. Muito justo.
Nada melhor do que juntar um
crescimento acima do previsto com o
pulo de 52º (em 2002) para 18º lugar
(neste ano) na classificação geral das
Olimpíadas. Melhor do que isso só
sendo justamente em ano eleitoral.
Petistas federais, estaduais e municipais não param de repetir que a
campanha "não será federalizada".
Ou seja: que Lula não estará no centro dos palanques. Como entre o discurso e a prática lá se vão muitos interesses e estratégias, é evidente que
não funciona assim. Lula estaria fora
se fosse para apanhar. Mas acabará
dentro se for para ajudar. (Atenção,
você que é muito literal: isso não quer
dizer presença em carne e osso!).
Tudo isso significa que, além de reconhecer a "herança bendita" que
acreditou nos atletas nacionais, o PT
vai ficar devendo mais um entre tantos pedidos de desculpas: ao ministro
da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
Palocci já foi xingado, desautorizado, ironizado e criticado até em notas
da cúpula do PT por adotar uma política "igualzinha a de FHC". E agora? Será reabilitado em praça pública
pelos próprios colegas de partido? E
pelos colegas do próprio governo?
Como é sempre bom deixar uma
ressalva, não custa lembrar que o
Banco Central está se coçando para
subir os juros, que os economistas de
diferentes tendências consideram
inevitável aumentar a gasolina e que
crescimento sem infra-estrutura não
costuma ir muito longe.
Mas, gente, é hora de o PT festejar.
A realidade nua e crua pode ficar para depois. Depois das eleições, claro.
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