São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Tudo a seu tempo

BRASÍLIA - O Brasil parece, enfim, ter retomado o rumo de crescimento, registrando um aumento do PIB de 4,2% no primeiro semestre em relação ao de 2003. Isso significa aquecimento da produção industrial, das vendas do comércio, dos empregos e... das expectativas eleitorais do PT.
Aproveitando a boa onda na economia, Lula pretende surfar na onda política. Na próxima quinta-feira, já vai fazer festinha para os atletas da Olimpíada de Atenas. Muito justo.
Nada melhor do que juntar um crescimento acima do previsto com o pulo de 52º (em 2002) para 18º lugar (neste ano) na classificação geral das Olimpíadas. Melhor do que isso só sendo justamente em ano eleitoral.
Petistas federais, estaduais e municipais não param de repetir que a campanha "não será federalizada". Ou seja: que Lula não estará no centro dos palanques. Como entre o discurso e a prática lá se vão muitos interesses e estratégias, é evidente que não funciona assim. Lula estaria fora se fosse para apanhar. Mas acabará dentro se for para ajudar. (Atenção, você que é muito literal: isso não quer dizer presença em carne e osso!).
Tudo isso significa que, além de reconhecer a "herança bendita" que acreditou nos atletas nacionais, o PT vai ficar devendo mais um entre tantos pedidos de desculpas: ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
Palocci já foi xingado, desautorizado, ironizado e criticado até em notas da cúpula do PT por adotar uma política "igualzinha a de FHC". E agora? Será reabilitado em praça pública pelos próprios colegas de partido? E pelos colegas do próprio governo?
Como é sempre bom deixar uma ressalva, não custa lembrar que o Banco Central está se coçando para subir os juros, que os economistas de diferentes tendências consideram inevitável aumentar a gasolina e que crescimento sem infra-estrutura não costuma ir muito longe.
Mas, gente, é hora de o PT festejar. A realidade nua e crua pode ficar para depois. Depois das eleições, claro.


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