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ESTADO DE SÍTIO
Israel finalmente suspendeu
o cerco à Mukata, o QG de Iasser
Arafat em Ramallah, na Cisjordânia.
Como não acontecia havia muitos
meses, o episódio representou uma
importante vitória para o presidente
da Autoridade Nacional Palestina
(ANP) e uma derrota de igual tamanho para o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon.
Os tanques e os buldôzeres de Israel se retiraram porque assim o exigiu a Casa Branca. O presidente
George W. Bush deixou claro para
governo israelense que não vai admitir nada que possa atrapalhar seus esforços para obter apoio a um ataque
contra o Iraque. O sítio à Mukata, em
aberto desafio a uma resolução do
Conselho de Segurança das Nações
Unidas, atrapalhava. Enquanto Arafat permanecesse cercado, os EUA
não poderiam nem começar a pensar
em aglutinar apoio árabe a uma ação
militar contra Saddam Hussein.
O resultado é que, após dez dias de
sítio, durante os quais se chegou a temer pela vida de Arafat, Israel não
obteve nenhuma das exigências que
antes fazia para levantar o assédio.
Nenhum dos supostos terroristas refugiados na Mukata foi apanhado,
preso, julgado ou extraditado, como
as autoridades israelenses cobravam.
Os objetivos políticos de Sharon foram igualmente frustrados. A sua estratégia tem sido a de isolar Arafat cada vez mais. O cerco à Mukata também seguia nessa linha. Mas o resultado objetivo da operação israelense
foi o de elevar o prestígio de Iasser
Arafat entre a população palestina,
que, em janeiro, a crer nas pesquisas,
deverá reelegê-lo para mais um mandato à frente da ANP.
Em Israel, alguns analistas sugerem que o fortalecimento do líder palestino poderá ser positivo para o
processo de paz. Tem crescido entre
os palestinos a facção dos que se
opõem à ação dos homens-bomba e
querem vê-la substituída por um
movimento de massas de resistência
pacífica. Se Arafat se aliar a essas vozes, como acreditam esses analistas,
a paz poderá voltar a ter uma chance.
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