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FERNANDO RODRIGUES
O medo de atacar
BRASÍLIA - Nunca houve tantos boatos sobre notícias escabrosas contra
todos os candidatos. Ao mesmo tempo, os roteiristas das propagandas de
TV estão cuidadosos ao extremo. Ontem, no início da tarde, os quatro
principais presidenciáveis praticamente se ignoraram.
Fala-se nos bastidores de Brasília
sobre uma fita de vídeo, gravada há
mais de dez anos em Manaus, mostrando um dos candidatos em situação moralmente constrangedora.
Ouve-se também a história do motorista de um presidenciável que resolveu "contar tudo". E muito mais.
Esse material está estocado nos comitês dos presidenciáveis. Todos esperam para ver quem pisca primeiro.
Depois da fracassada tentativa de
Serra (PSDB) para "desconstruir"
Lula (PT), ninguém deseja arriscar e
errar a mão na reta final.
Serra vive uma realidade distinta.
Se fosse possível congelar o cenário
atual, haveria segundo turno e o tucano teria lugar garantido. Mas a
eleição é apenas no domingo.
Ciro pode definhar. Garotinho,
crescer. Lula usa a emoção bem-feita
de Duda Mendonça a seu favor. São
ingredientes fortes. Nada garante estabilidade no cenário. Já Serra tem a
seu favor apenas essa estratégia não
muito vibrante de aparecer ao lado
de FHC em Minas Gerais.
O ambiente na cúpula tucana tem
sido de indecisão total. Atacar Lula
para garantir a realização de um segundo turno ou apostar na manutenção do quadro atual? Se houver
ataque, será que o ônus não recairá
novamente sobre Serra? E que garantias existem de que o beneficiário não
seja Garotinho ou Ciro?
Não há consenso entre os tucanos,
muito pelo contrário, a respeito do
caminho a trilhar. No que depender
de Nizan Guanaes, a baixaria não
prevalecerá. "Prefiro morrer a fazer
esse tipo de coisa", diz ele.
Qualquer que seja, a estratégia
adotada será uma opção de risco. Os
responsáveis serão incensados ou
crucificados para sempre.
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